A Associação Alter Ibi aproveitou a presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esta semana em Sabrosa, na apresentação do livro “Cartas a Miguel Torga “, para entregar um pedido urgente de apoio por parte da Presidência da República na salvação do edifício da Panreal. Uma das últimas obras assinadas, como arquitecto, por Nadir Afonso, é propriedade da cadeia de supermercados LIDL, que pretende demolir o edifício para aumentar a área de estacionamento da loja situada ao lado deste terreno.
Nos últimos 3 anos a Associação Alter Ibi tem sido uma das vozes mais ativas na defesa do edifício da “Panificadora” de Vila Real ou, Panreal, como é conhecida pelos habitantes locais, obra do grande artista transmontano Nadir Afonso.
A qualidade arquitectónica do edifício da Panreal torna-o num exemplo muito representativo do chamado movimento Modernista em Portugal, porém, desde que fechou portas na década de noventa, tem sofrido um longo processo de abandono, demolições clandestinas, tudo isto envolto num processo muito pouco transparente.
Neste momento a propriedade do edifício está nas mãos do LIDL, que fez esta aquisição com o objetivo de demolir o edifício para aumentar a área de estacionamento da sua loja aí existente em 50 lugares de estacionamento.
Depois de promover vários contactos com entidades como a Câmara Municipal de Vila Real, Ministério da Cultura, Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, que se revelaram incapazes de travar este atentado cultural, a Alter Ibi entregou uma carta a Marcelo Rebelo de Sousa com o título “No centenário de Nadir vamos preservar a Panreal e fazer dela a mais linda loja do LIDL!”. A associação considera irónico que no ano em que se assinala o centenário do nascimento do artista Nadir Afonso, a Panreal esteja na iminência da demolição, e até põe a hipótese que o LIDL integre este edifício no conceito de “lojas especiais para edifícios especiais”.
Citando o site do LIDL em que se pode ler que “a preservação de edifícios históricos aumenta o valor da paisagem urbana e estimula simultaneamente a atratividade dos locais”, a associação considera inqualificável a hipótese de se demolir um edifício com o valor deste para a “criação de (apenas) 50 lugares de estacionamento.”
Escrito por MFS