Operários e operárias da Covilhã e do Tortosendo enfrentaram a PIDE. Foram mais de 5 mil em novembro de 1941 segundo estudo do Jornal do Fundão.
Faz hoje, 5 de novembro, 80 anos da grandiosa greve contra a ditadura, que juntou operários da Covilhã e do Tortosendo. Os trabalhadores, aos milhares, marcharam pela Covilhã.
O Jornal do Fundão (JF) fez a investigação nos processos da PIDE, entre outras fontes, no que diz ser “Uma página em brasa na história da cidade, da qual não há imagens nem ficaram escritos públicos, impedidos pela censura”.
A greve começou às 13 horas de dia 5 e uma hora depois “já 10 grevistas estão a ser presos pela PSP à saída da Fábrica Alçada, na Ribeira da Carpinteira, o maior aglomerado fabril da Covilhã”. Outros quatro terão sido presos em casa ou noutras fábricas.
Conta o periódico que o então comandante da GNR, Ramos Paulo estaria no largo do município pelas 8h30 da manhã quando relata ter avistado “uma grande multidão de operários de ambos os sexos”, composta por milhares de pessoas, a vir “pela rua Direita em grande algazarra e atitude hostil”.
“Os cinco mil operários dos lanifícios da cidade (mais os do Tortosendo) prosseguiam a greve iniciada na véspera e, além disso, punham-se em marcha a caminho do Pelourinho”, diz o JF, o que terá motivado Ramos Paulo a “correr ao quartel buscar os três guardas que lá restavam”.
A GNR já estaria em patrulhas desde as 7 da manhã perto das fábricas, junto às ribeiras, “para garantir a liberdade do trabalho” e “manter a ordem”. Conta o jornal que “ninguém pegou ao serviço”.
A greve era um crime punido severamente pelo Estado Novo, que controlava sindicatos numa estrutura única e nacional, mas na “cidade-fábrica” da encosta da Serra da Estrela a miséria levou à revolta destes trabalhadores. Existiriam 132 empresas de lanifícios em 1941, ano da revolta, dez destas com mais de 100 trabalhadores.
Na Covilhã, os trabalhadores eram pagos ao dia a 10 escudos em média para homens e 6$50 para mulheres, o que corresponde a 170 escudos por homem e 110 por mulher de ordenado mensal.
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