“Queremos uma sociedade que olhe ao território, às pessoas que ali vivem e às que querem ali viver, e isso, tem que ser uma reivindicação em todo o território”

Maria Manuel Rola, Deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia da República, encerrou o painel “Ambiente do Avesso?” alertando para a necessidade de os ativistas, associações e populações se unirem na defesa dos seus territórios e contra “esta economia privada com cariz financeiro extremamente alto e que acaba por extrair dos territórios em que se implementa toda a sua riqueza”.

 

Maria Manuel Rola considera que estas iniciativas são importantes para que haja uma partilha de informação e que se perceba que a mobilização existe um pouco por todo país, “na garantia do território e da produção local que foi abandonada nos últimos anos”. Recorda que no Governo de PSD/CDS houve encerramento de serviços públicos tendo uma “grande repercussão nestes territórios”, considerando ser necessário voltar a investir nestes serviços de forma a que haja uma reversão no despovoamento que se tem sentido no interior, lembrando que nesta situação pandémica, a concentração de pessoas nos centros urbanos não foi benéfica.

Para a deputada é necessário “investir de forma mais consistente em todos estes projetos. Nas associações que têm vindo a desenvolver este trabalho e que o fazem de forma resiliente há várias anos em territórios bastante abandonados do nosso país e que devem conseguir garantir uma sobrevivência para lá de um ou dois projetos”, considerando que deve ser garantida uma consistência na intervenção de forma a que os projetos tenham presente mas também futuro.

Refere também que já existem respostas para o repovoamento de várias zonas do país, faltando na sua ótica a vontade política para tal. “Uma das respostas tem a ver com serviços de ecossistemas”, bem como, “investimento público a nível do ordenamento do território e da diversificação das espécies, a nível de uma transição ecológica” e na “retirada de vários obstáculos a nível hídrico que foram limitando o curso dos rios, aumentando a desertificação e a poluição destes cursos de água”.

Considera essencial um investimento no emprego, que acompanhe a alteração da sociedade que “remeta para uma produção local, diversa e que remeta também para a proteção da natureza”, defendendo ser necessária a criação de emprego público ligado à conservação da natureza, à floresta e ao ordenamento do território.

“Sabemos que o Governo não pretende alterar várias das medidas que tem vindo a levar a cabo”, tanto a nível da extração mineira como da agricultura intensiva, referindo que as discussões na Assembleia da República têm demonstrado isso mesmo.

Para Maria Manuel Rola, a mobilização dos ativistas, das associações e da sociedade “tem que ser uma mobilização concreta, com reivindicações concretas e que mostrem que nós não podemos ficar mais entregues a esta economia privada com cariz financeiro extremamente alto e que acaba por extrair dos territórios em que se implementa toda a sua riqueza saltando de espaço em espaço sem se preocuparem com o dano que causam”.

Nesse sentido, a deputada defende que é essencial manter a ligação entre os ativistas nestes temas com ligação ao território e “que se mobilizam num país que assista a todos no litoral e no interior, que seja sustentável, que não produza uma nova pandemia para daqui a uns anos que não tenha intervenção na natureza que altere os ecossistemas e que lhes provoque uma alteração tão profunda que leve a surtos como os que temos vivido agora”, considerando que “queremos uma sociedade que olhe ao território, às pessoas que ali vivem e Às que querem ali viver e isso tem que ser uma reivindicação em todo o território” que diga que “já chega deste tipo de perspetiva económica e que já chega de entregar o território de uma forma descontrolado, sem estratégia e de uma forma nada transparente”.

Considera essencial que haja transparência e o envolvimento das populações, dos ativistas e das associações nos processos, porque “são estas as pessoas que ali vivem que nos conseguem alertar para os problemas e a partir destes encontrar soluções, com possibilidade de intervenção no território que não sejam danosas como têm vindo a ser”.

Por fim, saúda mais uma vez a iniciativa, para que exista esta partilha de informação “para que as reivindicações e a informação do que se passa em todo o território acabe por acontecer de forma mais frequente”.

 

Ambiente do Avesso? O panorama ambiental do interior

Associações, Movimentos, Coletivos e Ativistas do Interior partilham as suas perspectivas e lutas pelo ambiente.

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