O clima irregular, com abril e maio chuvosos e frios, provoca quebras médias nacionais superiores a 70% na colheita de mel da primavera. Sem apoios, num ano em que nem a produção de própolis escapou, a esperança é o mel de montanha.
Segundo notícia do Jornal de Notícias (JN), a situação é transversal a todo o país, com perdas nacionais superiores a 70%, com algumas zonas do país a registar perdas de 80%. “A faixa do Alentejo, de Castelo Branco até ao Algarve, tem alguma produção, com perdas menos relevantes. Agora, tudo o resto, nada…”, “não há mel de primavera”, garantiu o presidente da Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP), Manuel Gonçalves ao JN.
Manuel Gonçalves aponta como causa para esta quebra os fatores climatéricos, como “a grande irregularidade da primavera, que apesar de haver bons princípios, como boas colmeias, com muita população, não permitiu bons resultados produtivos, por causa da chuva e do frio, que provocaram florações muito curtas”.
Para o presidente da FNAP a esperança de algum alívio para o setor poderá estar na produção de mel de montanha, cuja colheita é realizada no final do verão. Neste momento, muitos apicultores estão já a vender enxames como forma de mitigar alguns prejuízos.
Também em declarações ao JN, Sandra Barbosa, produtora de Mel no Parque Natural de Montesinho, em Bragança, sustenta que a produção de mel é, no seu caso, a pior de sempre, com quebras na ordem dos 80%.
“Tenho falado com colegas que dizem o mesmo. Devemos ter uma quebra que não andará muito longe dos 80%. Tivemos um mês de abril e maio com chuva e frio, as colmeias que nessa altura estavam em expansão retraíram e muitas delas tivemos que alimentar para as abelhas não morrerem à fome numa altura em que deviam andar a recolher. Isto comprometeu o ano que inicialmente até parecia ter arrancado bem”, contou a apicultora.
Nem a produção de própolis se parece ter salvo, testemunha Sandra Barbosa. “Nós trabalhamos com mais de 200 apicultores por causa da própolis. Só num dia, ligaram-me três e disseram que já não aguentam mais, que vão desistir da atividade”.
Sandra Barbosa admite ainda a falta de apoios para o setor. “Nunca temos ajuda do Estado, parece que para o Estado não existimos”, considerando que “apesar de muitos não terem a apicultura como atividade exclusiva, o papel da apicultura nos ecossistemas é fundamental, e se queremos fixação de pessoas no nosso território é preciso reconhecer que o seu trabalho é importante. Coisa que nós, apicultores, não sentimos, sentimos que somos sempre negligenciados e ignorados”.
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