Série de retratos a pessoas trans distinguida na Estação Imagem

A série “Entre as margens do Ser”, de Pedro Gomes Almeida, que parte de retratos a pessoas trans e se expande para uma interpretação visual sobre o conceito de transição, recebeu uma menção honrosa. O fotojornalista Gonçalo Delgado, com o trabalho “Regenesis”, venceu o prémio principal.
Foto por Pedro Gomes Almeida na série “Entre as margens do Ser”.
A série “Entre as margens do Ser”, de Pedro Gomes Almeida, que parte de retratos a pessoas trans e se expande para uma interpretação visual sobre o conceito de transição, recebeu uma menção honrosa. O fotojornalista Gonçalo Delgado, com o trabalho “Regenesis”, venceu o prémio principal. Por Esquerda.net

A série fotográfica “Entre as margens do Ser” recebeu este sábado uma menção honrosa na categoria de Retrato no Prémio Estação Imagem, em Coimbra. “A ideia deste trabalho surgiu quando assisti em 2019 ao Dia Internacional da Memória Trans [20 de novembro], onde os relatos de violência que ouvi foram perturbadores”, relata o autor, Pedro Gomes Almeida. A partir desse momento, o fotógrafo freelancer conversou com várias pessoas que mais tarde deram origem aos retratos, cuja principal intenção foi contribuir para a discussão deste tema. “Na minha fotografia procuro, acima de tudo, levantar questões. Por isso, os retratos não procuraram evidenciar formas ou características físicas e óbvias resultantes da transição, mas antes serem focados na pessoa, enquanto ser humano”, diz o fotógrafo, que também colabora com o Esquerda.net.

O trabalho é composto por dípticos, onde cada retrato é acompanhado por uma interpretação visual sobre o conceito de transição. A transição muitas vezes implica uma “adaptação do corpo para que a identidade de género e corporal coincidam, definindo novos territórios, corpos na fronteira entre o masculino e o feminino”. O autor tem formação académica em Geologia e procurou territórios de natureza fronteiriça, “onde tudo é modificado: a ocupação, o geológico, o orográfico, tal como o relevo do corpo é mudado com a transição”, transpondo também ideias captadas nos diálogos e textos escritos pelas pessoas fotografadas.

A intenção do autor é expor esta série no interior do país, de modo a poder chegar a novas populações que eventualmente possam estar a passar por processos semelhantes e tentar contribuir para a discussão dos direitos LGBQIA+ em territórios onde o tema tem menos presença pública. O primeiro local será Viseu, no festival Sementeira, estando prevista outra exposição em Évora para o próximo ano. Esta distinção ocorre durante o mês de orgulho LGBTQIA+.

O prémio Estação Imagem foi atribuído ao trabalho “Regenesis” de Gonçalo Delgado, “numa homenagem aos profissionais do SNS”, refere o fotógrafo. Esta série explora o ciclo da vida-morte nas unidades de obstetrícia e de cuidados intensivos do Hospital de Braga, separadas apenas por um andar. A fotografia do ano foi atribuída a Brais Lorenzo Couto, também focada na pandemia. Destaque também para Ana Brígida, a única mulher a ser premiada este ano.  Com o trabalho “Super-Heróis”, a fotógrafa acompanhou os trabalhadores da Junta de Freguesia de Santo António, em Lisboa, que se mascararam de super-heróis enquanto desempenhavam as suas funções. A intenção da autora passa por “lembrar a importância das pessoas que realizam estas tarefas “quase” invisíveis de limpeza, segurança, secretariado e apoio social”, explica Ana Brígida.

Os trabalhos vencedores podem ser vistos no site da Estação Imagem.

 

Publicado por Esquerda.net a 17 de junho de 2021.

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