No âmbito de uma dissertação de Mestrado em Serviço Social, sob o título “Intervenção social junto de pais e mães de filhos e filhas LGBTI”, a aluna da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Maria do Céu Correia Costa, criou um projeto para a cidade de Viseu que pretende dar apoio a pais e mães cujos filhos e filhas revelaram a sua orientação sexual.
O objetivo fulcral desta investigação é verificar se as relações familiares são afetadas aquando é revelada a orientação sexual, não heterossexual, bem como, os conflitos familiares que possam surgir após esta revelação.
Em declarações ao Notícias de Vila Real, Maria do Céu Costa revela que “em Portugal existe apenas uma associação que dá apoio aos pais e mães de filhos e filhas LGBTI. Já associações de apoio direto às pessoas da comunidade, são em maior número. Existe por isso uma discrepância palpável em relação ao número de associações de apoio a familiares”.
Tendo em conta esta situação, pensou criar um grupo de pais e mães na cidade de Viseu para desenvolver respostas como é o caso do acolhimento. Considera que este é um “primeiro passo para a criação de uma relação de confiança, a partilha de informações, de sentimentos e de questões”.
Para a investigadora é importante este trabalho dos pais e mães neste núcleo porque poderá servir para o “reajuste e restabelecimento das relações com os filhos e filhas”. Considera também que o Serviço Social pode ser importante para restruturar relações familiares.
Maria do Céu Costa refere também que “os pais e mães idealizam um futuro para os seus filhos e filhas e, quando lhes é revelada a sexualidade contrária ao que eles esperavam, surgem sentimentos de desespero, de culpa e de não-aceitação. Torna-se então necessário um ajustamento e uma reorganização das relações familiares que conduzam estes pais e mães à adaptação da identidade sexual dos filhos e filhas e, consequentemente, a uma adaptação da sua própria identidade como pais e mães de filhos e filhas homossexuais”.
Considera ainda que a homossexualidade “não passa de uma variante natural da atração sexual, do envolvimento amoroso e emocional das pessoas”, e que esta mensagem deve ser explicada aos pais e mães. Refere também que quando os pais e mães não passam pelo coming out familiar “experienciam sentimentos negativos que os levam a pensar que os filhos e filhas fizeram uma escolha, e é importante que percebam que a orientação sexual não é uma escolha, mas sim algo natural, como qualquer outra situação da vida dos jovens”.
Este trabalho foi orientado pelas docentes da UTAD Vera Mendonça e Ana Paula Monteiro.