Mesmo com alguma chuva, os professores marcharam do Mirita Casimiro até ao Rossio, gritando palavras de ordem como “a luta continua, nas escolas e na rua”. A ação culminou no Rossio, em frente à Câmara Municipal de Viseu, depois de um plenário com estes profissionais da educação no Auditório Mirita Casimiro, que não foi suficiente para receber as mais de três centenas de professores que quiseram participar.
A ação “Professores na Campanha”, organizada pela FENPROF, pretende dar visibilidade às reivindicações dos docentes em altura de campanha para as legislativas de 2024 e a candidatura do Bloco de Esquerda de Viseu juntou-se ao protesto, com o seu cabeça de lista José Miguel Lopes.
O secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, em declarações às televisões disse que esta iniciativa estava a ser desenvolvida de norte a sul e nas regiões autónomas também.
“Esta é uma iniciativa de campanha, é uma coisa diferente”, frisou Mário Nogueira. “O que nós queremos é não deixar nestes 10 dias que se esqueça, por um lado, o que exigem os professores, e por outro lado lembrar que os professores não exigem apenas a recuperação do tempo de serviço. Essa é uma bandeira que a luta foi de tal ordem forte, que hoje não há partido que não fale nisso. Para além disso e nós olhamos já para os programas dos partidos e alguns deles claramente apostam na privatização do ensino. E portanto, se os professores tiverem a recuperação total do tempo de serviço, mas depois a seguir as escolas, o ensino e a educação for privatizada, com o cheque ensino, com os contratos de associação como existiam antes, que era uma forma de esvaziar as escolas públicas para encher com milhões os bolsos dos promotores privados.”
O sindicalista lembra que essa não é a solução para o país. “A solução para o país é uma escola valorizada, devidamente financiada – nós vimos agora o relatório do conselho nacional de educação em que a escola pública tem um financiamento de cerca de metade daquilo que é recomendado internacionalmente – e aqui é preciso as escolas terem recursos para poderem dar a resposta que é necessária no âmbito do chamado educação inclusiva. E é necessário valorizar os professores, e os outros profissionais também. No caso dos professores nós sabemos hoje um problema gravíssimo que está a acontecer no país e que vai agravar-se com a saída para aposentação, se calhar este ano quase cinco mil professores e a chegar à profissão pouco mais de mil novos professores. Isso significa que muito rapidamente nós vamos ter, já começamos a ter problemas complicados, e podemos ter uma situação quase catastrófica, porque se faltarem professores não vai ser a inteligência artificial que vai dar aulas. Isso é algo que nunca vai acontecer.”
Mário Nogueira lembrou ainda que a FENPROF identifica-se com o mote escolhido este ano pela UNESCO para assinalar o Dia Internacional de Educação (24 de janeiro): “o importante papel dos professores no combate ao discurso de ódio”.
“A sociedade tem de ser inclusiva, e a inclusão começa na escola. E se assim é, os professores têm um papel fundamental a criar o futuro da sociedade”, afirmou Mário Nogueira.
A ação “Professores na Campanha” seguiu para a Guarda, com concentração a ter lugar no Jardim José de Lemos, pelas 15 horas.
Bragança: Vítor Pimenta e Catarina Martins subscreveram petições sobre carreiras, precariedade, condições de trabalho e aposentações.
Catarina Martins, dirigente nacional do Bloco de Esquerda, esteve presente nesta iniciativa em Bragança, no dia 27 de fevereiro, onde subscreveu, juntamente com Vítor Pimenta, cabeça de lista de Bragança, a petição por um regime específico de aposentação e adequado às especificidades da profissão docente; petição por horários justos, legais e adequados às funções docentes. Melhoria das condições de trabalho e de aprendizagem nas escolas; petição para eliminar a precariedade na profissão docente; petição pela recuperação do tempo de serviço congelado e ainda não contabilizado para efeitos de carreira.