Venho-vos falar da Central de Biomassa, quando o Bloco de Esquerda teve assento na Assembleia Municipal do Fundão, na primeira reunião em dezembro de 2017, questionou a Mesa da Assembleia Municipal porque tinham votado por unanimidade considerar a CBM de interesse Municipal, quais as garantias que tinham sobre o seu funcionamento, poluição ambiental e sonora, na resposta ao pedido recebemos um documento, fornecido pela empresa, onde consta informação sobre o tipo de combustível, nele pode ler-se:“O combustível que a CB Fundão irá utilizar é:
- Biomassa Florestal Residual: Proveniente das atividades de gestão e exploração florestal, tais como: copas, ramos, cortes e cepos.
- Biomassa Florestal Diversa: Biomassa proveniente de cortes sanitários de infestantes, tais como acácias, mimosas, etc e biomassa resultante da limpeza de bosques, jardins, podas e desbastes municipais.”
Ora o que o cidadão vê de carregamentos para a CB são alguns resíduos florestais, no entanto passam muitos camiões com troncos de árvores bem grandes e diariamente. Será tudo proveniente de desbastes florestais municipais? Terão de ser de muitos municípios! Os fundanenses mais próximos desta zona estão a atingir um estado elevado de exaustão, pois o barulho torna-se muitas vezes insuportável. Como o Bloco de Esquerda já temia, estamos perante uma problemática grave e que urge em ser resolvida.
Estamos perante uma situação difícil de ser solucionada e não vemos as entidades públicas a usarem procedimentos fiscalizadores e reguladores destas situações, como por exemplo a Agência Portuguesa do Ambiente.
Depois de vários pedidos de visita, por parte do Bloco de Esquerda, conseguimos ter uma resposta positiva e na segunda, dia 9 de março, pelas 16:00 a deputada na Assembleia da República do Bloco de Esquerda, Maria Manuela Rola, veio efetuar uma visita à Central de Biomassa e depois foi escutar a população.
Deparámo-nos com uma empresa a laborar com ruídos na ordem dos 30dB, a 100m dela, no entanto em dias anteriores circundavam os 70 a 90 dB a 500m da mesma. Não estava a emitir gases pela chaminé, 1h após a visita já se observavam as emissões a mais de 2km de distância. Nesse dia os carregamentos que passaram eram de madeira velha, troncos ocos, etc.
O Bloco de Esquerda vai continuar a atento perante esta problemática e pela falta de respeito que têm com a população. Vamos solicitar os registos que a CCDRC – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro já efetuou, quando se deslocou. Também iremos solicitar os registos que a Câmara Municipal do Fundão tem da empresa independente que contratou.
Deixo-vos então algumas questões:
Quem se preocupa com o nosso bem-estar e a nossa qualidade de vida?
Existem apoios e financiamentos a estas empresas? E com que fundamentos?
Até à próxima crónica e peço-vos para pensarmos um pouco nisto!
É natural de Travancinha, Seia, distrito da Guarda. Atualmente reside no Fundão, distrito de Castelo Branco e tem 52 anos.
É Professora de Física e de Química no Agrupamento de Escolas do Fundão;
Membro do Sindicato de Professores da Região Centro;
Membro da Assembleia Municipal do Fundão;
Membro da Coordenadora Distrital de Castelo Branco e da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda. Faz parte do Grupo Proteção da Serra de Argemela.