Ao contrário do que muitas pessoas pensam as escolas não pararam, os assistentes operacionais estão num processo de desinfestação profunda e renovação do espaço, os assistentes técnicos a tratar de toda a parte burocrática, lançamento de dados, classificações, faturas, etc.
E os professores e alunos? Esses continuam nas aulas, mas noutro formato, faz recordar o tempo da telé-escola, mas com muito maior interatividade.
Este trabalho e esforço feito nas últimas semanas foi exaustivo por parte dos alunos e de professores, a maioria deles admitiu que foi muito mais esgotante do que em tempo normal de aulas. Esforço e trabalho reflexo da dedicação incondicional dos professores em prol do ensino e da entrega deles em que ninguém fique para trás. Foi necessário diversificar muito as estratégias de acordo com as características dos alunos, o trabalho envolvido é muito exigente e requer um trabalho extra em conhecimentos de novas tecnologias que a maioria dos professores não tinha necessidade em desenvolver, pois o contexto educativo era outro. Mas o trabalho foi feito, não ficou por fazer, as correções dos trabalhos e a interatividade com os alunos foi muito mais personalizada envolvendo um trabalho mais enriquecedor entre pares (professor/aluno).
Não é um trabalho fácil nem tão eficaz como o estar presencialmente com todos os agentes, ouvem-se os desabafos nas aulas por videochamada, quando voltamos para a escola? Já temos saudades das aulas e não é só dos amigos e colegas.
Sim estamos perante muita mudança, principalmente da forma de estar, de pensar e de agir. Sim os jovens já perceberam que temos de estar em casa, não só por eles mas pelo avô que vive com eles, ou o irmão mais novo, ou a vizinha que tem fragilidades de saúde e tem de se proteger e ter quem a ajude. Sim estamos a criar uma geração mais amiga e solidária.
Então tudo corre bem? Não, não corre e nestas duas semanas vimos o fosso a aumentar entre alunos com diferentes disponibilidades económicas. Ainda temos estudantes sem Internet ou computador, sem forma de responder tão rápido como desejava.
Para termos uma escola inclusiva temos de avançar e colmatar muitas dificuldades.
Todos os dias temos casos de exclusão e de inclusão, temos de estar todos muito mais atentos, estamos todos a melhorar, pelo menos a olhar para o outro como parceiro.
E os professores? Têm ferramentas? Têm formação? Têm materiais? Os professores como sempre arregaçaram as mangas mais ainda e agiram com animo, pois, os estudantes não os podem ver desanimados.
Ferramentas fazem-se, mais umas noitadas a produzir vídeos, trabalhar com animações e simulações e aprender a mexer com o que nem sabiam que podiam fazer.
Formação não, quase invisível nestes últimos 10 anos, modernizar os professores para quê? O investimento institucional neste sentido foi irrisório na última década.
Mas os professores estiveram durante estas duas semanas a interagir com os alunos e não deixar quebrar a ligação deles com a escola!
Todos os dias ligam alunos e Encarregados de Educação para as escolas a colocar dúvidas, como é a inscrição para os exames, como começam as aulas no terceiro período, e lá estão os assistentes a ajudar por telefone os alunos nas inscrições para exames, os membros das direções e monitorizar e apoiar quem precisa, todos estão a trabalhar.
Parabéns a todos os elementos da comunidade escolar que souberam adaptar-se e avançar!
Deixo-vos então algumas questões:
Estamos a atravessar uma época de mudança de tudo, então o que é importante?
É os vizinhos que partilham a net com os outros que não a têm?
Está cada um a mostrar que se preocupa com todos?
Por favor não Saia de Casa!
É natural de Travancinha, Seia, distrito da Guarda. Atualmente reside no Fundão, distrito de Castelo Branco e tem 52 anos.
É Professora de Física e de Química no Agrupamento de Escolas do Fundão;
Membro do Sindicato de Professores da Região Centro;
Membro da Assembleia Municipal do Fundão;
Membro da Coordenadora Distrital de Castelo Branco e da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda. Faz parte do Grupo Proteção da Serra de Argemela.