Na sessão online “Soluções para o Interior” um dos temas em discussão foi a importância da ciência, inovação e ensino superior para o Interior, com contributos do arqueólogo Cláudio Torres e do linguista Pedro Oliveira.
Cláudio Torres iniciou o seu contributo para o debate considerando que “é possível encontrar formas de habitar com qualidade o Interior” e utilizando sobretudo o exemplo do projeto que implementou em Mértola de “organizar formas de desenvolvimento através da ciência e da investigação científica”, encontrando assim “formas de fixação mas não só”, formas de “chamar gente, para alargar”. Assim a vila do Distrito de Beja passou também a contar com uma “dinâmica imparável” desses recém-chegados, uma “pequena rede”, um “polo que não vai voltar para trás”.
Pedro Oliveira veio para o debate munido com números que ilustram a “desigualdade territorial” do país neste aspeto, como o facto de apenas haver 6,7% alunos do ensino superior inscritos no interior. Também trouxe exemplos dos efeitos do “desinvestimento” no ensino superior nas zonas do interior do país que “traz coisas que não aconteciam no passado”, como o encerramento de cursos de Arquitetura Paisagística nas Universidade de Évora e de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), a redução fortíssima de matrículas em Engenharia Florestal na UTAD, onde este curso é de elevada importância por se tratar de uma zona fustigada todos os anos por incêndios, ou que os Politécnicos de Santarém, Tomar e Castelo Branco estejam “sem dinheiro”. Considera que os órgãos do estado “têm que perceber que quanto mais for o investimento no ensino superior no interior, mais os alunos procuram essas instituições”, de importância incalculável para o desenvolvimento económico, social e cultural das suas regiões.
O linguista encontra outros culpados para os problemas do Ensino Superior no interior para além da falta de investimento: “as instituições também se fecham em si e não levam conhecimento às pessoas” e há “competição entre instituições do interior” onde devia haver colaboração. A propósito do surto da Covid-19, lembra ainda que algumas destas instituições tiveram que “criar uma fórmula diferente para conseguir financiamento”, necessitando de alunos internacionais, colocando a questão de o que fazer agora que as fronteiras estão fechadas.
Assiste a estas intervenções:
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