Contextos socioeconómicos mais desfavorecidos correspondem, muitas vezes, a médias mais baixas nos exames nacionais. Mas há concelhos que nos últimos anos conseguiram contrariar esta tendência, um deles é Valpaços.
A análise feita pelo Público dá conta de alguns concelhos em territórios de baixa densidade que têm conseguido contrariar as tendências vigentes no âmbito dos resultados no ensino secundário e nos exames nacionais, um deles é Valpaços.
No início da pandemia da covid-19 e após um levantamento das necessidades dos alunos relativamente ao equipamento necessário para acompanhar as aulas à distância deu-se conta que de 1100 alunos, 275 não tinham computadores ou internet. Valpaços é um concelho do distrito de Vila Real, em Trás-os-Montes, em zona de montanha com aldeias isoladas e sem fibra ótica, assim o ensino à distância mostrou-se como uma séria dificuldade.
Segundo Alexandra Doutel, diretora do agrupamento de escolas de Valpaços, “a escola, juntas, câmara, Santa Casa” se disponibilizaram para arranjar uma rápida solução do problema como os professores irem a casa dos alunos entregar os materiais, professores a telefonar aos estudantes duas vezes por semana para tirar dúvidas e as juntas de freguesia equiparam-se para que os jovens se pudessem ligar à internet.
O concelho de Valpaços é o que mais percentagem de jovens do 12ª tem na Ação Social Escolar com 62%, mais do dobro da média nacional dos restantes concelhos do país, e por isso a maior preocupação da Alexandra Doutel era “que ninguém passasse fome” porque em muitos diferentes níveis de ensino, sobretudo os de escalão A, é o agrupamento que garante uma alimentação saudável.
Os resultados escolares dos alunos do concelho de Valpaços têm sido ótimos, por isso a autarquia não teme que estes se venham a ressentir por causa da pandemia da covid-19. Segundo o presidente da Câmara Municipal de Valpaços, “estamos a adquirir material informático, tablets, computadores, routers, impressoras e a avançar com a fibra ótica em alguns locais, para o caso de no próximo ano ser necessário que os alunos voltem a ficar em casa algum tempo”. A autarquia estima que este investimento será superior a 200 mil euros.
A diretora do agrupamento espera continuar a adotar as medidas aplicadas devido à covid-19 como por exemplo as turmas pequenas, professores reforçados em disciplinas como a matemática, oficinas e projetos que “ajudem a abrir horizontes”, mas teme “o estado psicológico dos alunos”, já que os sentiu “mais tristes, ansiosos e com falta de gargalhadas”.
Mais de 40% dos alunos de Valpaços fazem o secundário sem chumbar o que coloca este concelho no 22º lugar do “ranking do sucesso”.