Nelson Peralta, deputado pelo Bloco de Esquerda, criticou o alargamento do prazo de funcionamento da Central de Almaraz para 2028 e a falta de ação do Governo. Denuncia que o alargamento serve apenas os interesses dos acionistas privados, enquanto a população é colocada em risco.
A operar desde 1981, a Central de Almaraz deveria ter encerrado em 2010, mas o prazo foi alargado para 2020. Uma nova renovação de licença prevê prolongar o funcionamento do primeiro reator até novembro de 2027 e do segundo reator até outubro de 2028. Os proprietários atuais da central de Almaraz são a Iberdrola (53%), a Endesa (36%) e a Naturgy (11%).
Apesar de Portugal não ter “energia nuclear porque o movimento anti-nuclear em Portugal e em todo o planeta foi ouvido”, sofre as suas consequências globais, mas também locais. A Central Nuclear de Almaraz “ameaça 800 mil pessoas em Portugal” e usa “as águas do rio Tejo o que agrava ainda mais o risco”.
Nelson Peralta defendeu que o novo “alargamento só corresponde às necessidades de uma entidade: os acionistas privados desta empresa”. “Por cada dia, por cada mês, por cada ano que esta central obsoleta continua em funcionamento, são mais alguns milhões fáceis para os acionistas privados”.
No entanto, “a sociedade e o planeta não se devem reger de acordo com os interesses privados de alguns, mas sim com o interesse e com a necessidade de todo o planeta”. Mas “olhamos para o Governo e percebemos o quão frouxo está a ser”
O deputado lembrou que “em 2017 o Governo Português colocou uma ação em tribunal contra o Estado Espanhol por causa de Almaraz. Queria impedir a construção de uma nova piscina de armazenamento que iria permitir o prolongamento da vida de Almaraz”.
“Nos dias de hoje já retirou essa queixa e não só não tenta quebrar o prolongamento da Central de Almaraz, como, pelo contrário, saúda. O Ministro do Ambiente diz “ainda bem que a Central de Almaraz vai ser encerrada em 2028, vai ser a primeira do estado espanhol a ser encerrada.”
Assim, o que o Bloco de Esquerda exige ao governo português “é que esteja ao lado das populações em Portugal e em todo o planeta que exigem o fim do nuclear”. Não deixando esquecer que “quando se encerra uma central nuclear não é esse o fim da história, continuamos durante centenas de anos a ter que garantir” o tratamento e o armazenamento dos resíduos nucleares. “Entendemos que o preço do nuclear é demasiado alto”.
O parlamento português recomendou ontem ao governo, por larga maioria, que intervenha junto do Estado Espanhol com vista ao encerramento da central nuclear de Almaraz, situada junto ao Rio Tejo a cerca de 100 quilómetros da fronteira com os distritos de Castelo Branco e de Portalegre.