A área de eucalipto vai aumentar para 881.735 hectares nos 278 concelhos do continente, apesar do objetivo anunciado pelo Governo em 2019 de reduzir para 812 mil hectares até 2030. 10% da superfície do território continental será coberta por eucalipto.
Segundo notícia do Público, o Governo português está a preparar a publicação de um diploma que prevê a plantação de mais 36.726 hectares de eucalipto em 126 dos 278 concelhos do continente.
Portugal é já, neste momento, o país com maior área plantada de eucalipto na Europa, ficando no 5.º lugar a nível mundial.
Com a concretização do novo diploma, Portugal ficará com 881.735 hectares de eucaliptos, o que corresponde a cerca de 10% da superfície do território continental, o que supera as espécies autóctones como o sobreiro, a azinheira e até mesmo o pinheiro.
Várias organizações ambientalistas (Acréscimo, Climáximo, Fapas, Geota, LPN, Quercus e Zero) já anunciaram que vão endereçar uma carta aberta ao Secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, em que “repudiam a intenção de fazer aumentar os limites máximos das áreas de eucalipto por concelho”, adianta o Público.
As associações alertam para que, embora a Estratégia Nacional para as Florestas (ENF) estabeleça para 2030 uma meta máxima de 812 mil hectares de plantações de eucalipto no território continental português, as imagens recolhidas no âmbito do levantamento realizado para o 6.º Inventário Florestal Nacional (IFN), apontavam já para uma área com cerca de 845 mil hectares.
Os ambientalistas “estranham” que o Governo esteja “a preparar um diploma legal para fazer aumentar os limites máximos de área de plantações de eucalipto por município”. O acréscimo previsto de cerca de 37 mil hectares de novas plantações acelera o ritmo do crescimento da área ocupada por eucalipto.
As associações lembram ainda que, na sequência dos incêndios de junho de 2017, a Assembleia da República “proibiu novas arborizações (expansão de área) com espécies do género Eucalyptus s.p.”, apenas admitindo rearborizações com a espécie quando a ocupação anterior fosse de povoamento puro ou misto dominante de eucalipto.
Com a análise do diploma que o Governo se prepara para aprovar, os ambientalistas verificam que “não há nenhum concelho do território continental português onde esteja prevista a contracção de área para plantações de eucalipto”.
A decisão entra assim em conflito direto com a Resolução do Conselho de Ministros de Fevereiro de 2015 que atualiza a Estratégia Nacional para as Florestas, na qual é estabelecida uma meta para 2030 de 812 mil hectares de eucaliptal em Portugal.