No Instituto Politécnico de Bragança só metade dos alunos internacionais têm visto. A longa espera pelos documentos põe em causa os estudos dos alunos estrangeiros, que não se podem matricular sem visto.
A notícia é dada pelo Jornal de Notícias (JN), que falou com quem vive esta realidade. Melícia Fernandes, natural da Guiné-Bissau, aguardou quase um ano pelo visto de estudante para se poder matricular no Instituto Politécnico de Bragança.
No IPB (Instituto Politécnico de Bragança) apenas 53% dos alunos internacionais já têm visto.
“Tinha agendamento na embaixada a 18 de novembro de 2020 para entregar os documentos necessários para solicitar o visto, mas foi adiado por terem muita gente nesse dia. Voltei lá no dia seguinte e deixei a documentação. Só recebi o visto a 2 de junho de 2021”, tenho chegado a Portugal a 18 de junho, lamentou Melícia ao JN.
“Foi quase um ano. Demasiado tempo e nunca me deram uma justificação plausível. Apenas se desculparam, dizendo que há muitos estudantes com os pedidos pendentes”, explicou a estudante. “Tanta espera quase punha em causa a vinda para Portugal. Não podia matricular-me. Candidatei-me, inscrevi-me, mas não podia fazer a matrícula. Estive a um ano sem fazer nada”, frisou.
Um outro caso é o de Dionísio Mendes, também guineense, que aguardou menos do que Melícia, mas mesmo assim teve que esperar quatro meses. Dionísio pediu o visto em fevereiro, recebeu-o em junho e está em Bragança desde setembro.
“O processo está errado e emperrado desde o princípio. Porque até para fazer o agendamento é complicado e é preciso esperar muito. Acabei por perder o ano letivo e tive que pagar para renovar a matrícula”, testemunhou ao JN, sublinhando que também a ele não lhe foi apresentada uma explicação lógica para a demora.
“Têm várias versões, desde a covid-19, a existência de outros estudantes há mais tempo à espera do visto ou de jovens que pedem visto de estudante, mas vão trabalhar e não estudar… Desculpas que não fazem sentido, pois a embaixada pode saber quais são os jovens matriculados, pedindo informação às instituições de ensino”, detalhou.
Melícia e Dionísio sabem não ser casos únicos e conhecem estudantes em risco de perder o ano letivo pelo atraso nos vistos. “Há pessoas que pediram o agendamento em outubro e só têm marcação em fevereiro do ano seguinte, e outros no final de junho. É inadmissível”, destacou o estudante.
Este é um problema que afeta centenas de estudantes internacionais inscritos em instituições de Ensino Superior portuguesas, principalmente provenientes dos PALOP. Segundo dados do Governo, citados pelo JN, este ano estão pendentes 2954, ou seja, 18% do total de pedidos.