As subidas do salário mínimo entre 2006 e 2019 contribuíram em 38% para a subida do salário médio no mesmo período, conclui uma tese de mestrado distinguida com nota 20 na Nova SBE. Notícia publicada no esquerda.net
Uma tese orientada por Pedro Portugal e defendida na Nova SBE conclui que mais de um terço (38%) da subida do salário médio, que foi de 16% entre 2006 e 2019, se ficou a dever aos aumentos do salário mínimo nesse período, noticia a revista Sábado. Carlos Oliveira foi o autor do estudo pioneiro que obteve 20 valores, o que é raro naquela faculdade.
A tese aponta que um exemplo da influência do aumento do salário mínimo foram os recentes aumentos anunciados pelas grandes cadeias de comércio no início deste ano, nomeadamente o Pingo Doce, Lidl, IKEA e Continente, que colocaram o salário de entrada na empresa em 750 euros, acima dos 705 euros de salário mínimo. As sucessivas subidas do salário mínimo entre 2015 e 2020 resultaram num aumento de 40% em termos nominais.
As conclusões da tese explicam que a subida do salário mínimo justifica quase a totalidade da queda da desigualdade e acabou por pressionar as empresas a subir os salários acima do mínimo, sobretudo beneficiando as mulheres.
Os dados que serviram como base para o estudo vieram do Ministério do Trabalho, de todo o universo empresarial do país, entre 2006 e 2019.
Carlos Oliveira refere que “quando a desigualdade salarial subiu em Portugal isso aconteceu no topo: foram os mais ricos que se afastaram de média”, acrescentando que “essa desigualdade desceu quando as pessoas com salários mais baixos se aproximaram da média”.
Esta desigualdade foi mais acentuada entre 1986 e 1994, durante a governação de Cavaco Silva. No entanto, a aproximação de salários ocorreu entre 2006 e 2019, período em que o salário mínimo aumentou 10 vezes. Sublinhe-se que o período de estudo não inclui os últimos aumentos do salário mínimo desde 2020 e é condicionado pelo congelamento salarial generalizado de 2011.
O estudante explica que quando o salário mínimo aumenta podem acontecer duas coisas: há mais pessoas a receber esse salário e há mais empresas a aumentarem os trabalhadores para evitar que fiquem a ganhar o mínimo.
Carlos Oliveira não tem dúvidas que este efeito “é importantíssimo num país como Portugal, em que há mesmo muitas pessoas com vencimentos perto do salário mínimo”.
O estudo também mostra que as mulheres foram as maiores beneficiárias dos aumentos do salário mínimo, pois 60% do aumento do salário médio real das mulheres, que foi de 20%, foi da responsabilidade do aumento do mínimo.
Notícia publicada no esquerda.net