Autarquias “têm de fazer a sua parte” para garantir habitação acessível

Foto de Paulete Matos
Num comício realizado esta quinta-feira em Leiria, a coordenadora do Bloco de Esquerda falou sobre a crise da habitação, defendendo a construção de parques públicos habitacionais como resposta à especulação imobiliária.

No comício do Bloco de Esquerda, realizado em Leiria esta quinta-feira, intervieram Catarina Martins, o deputado Ricardo Vicente, Luís Silva (candidato à Câmara Municipal de Leiria) e Rui Crespo (porta-voz da Comissão de Ambiente e Defesa da Ribeira dos Milagres).

A coordenadora bloquista afirmou que a crise da habitação não é igual em todos os sítios, mas em todo o país a habitação é um problema.

“Conseguir ter uma habitação condigna é um problema para as famílias. O preço da habitação empobrece as famílias e impede os mais jovens de terem autonomia e de se emanciparem”, acrescentou, sublinhando que “o preço da habitação em Portugal subiu 30% acima do salário”. “Conseguimos ser o país dos salários baixos e das rendas caras, das casas caras”, salientou, questionando o porquê dessa situação.

“Porquê? Porque somos dos países da Europa que têm menos habitação pública. Em Portugal, só há 2% de habitação pública, a média da União Europeia é 15%”, sintetizou Catarina Martins. Lembrou que, normalmente, quando se fala de habitação pública em Portugal, reduz-se a questão à resposta de emergência, às pessoas que “não têm sequer um teto e precisam de uma habitação social, mas na verdade nem essas têm tido a resposta suficiente. “Há tanta gente sem teto em Portugal, há tanta gente em situação muito vulnerável e sem resposta”, refere a coordenadora bloquista, sublinhando que “tem faltado uma resposta que permita baixar o preço das casas e que permita que quem começa a trabalhar se possa emancipar” e que “entregámos tudo à especulação imobiliária”.

Bloco propõe a construção de parques públicos habitacionais

Catarina Martins afirmou, então, que “o Bloco de Esquerda apresenta nestas eleições autárquicas uma proposta, muito clara e exequível, para garantir direito à habitação. Casas para que as pessoas possam pagar, construindo parques públicos habitacionais, que não são apenas para responder aos mais vulneráveis, mas têm capacidade para regularem o mercado”.

A coordenadora bloquista diz que as câmaras vão ter possibilidade de fazer esta política, “porque há uma nova lei de bases da habitação e porque vêm os prometidos milhões” do PRR.

A aplicação da proposta passa, assinalou Catarina Martins, pela utilização de todo o edificado público, seja propriedade das autarquias ou do Estado central, “esse edificado público deve ser convertido em habitação e posto com rendas que as pessoas possam pagar”.

Em segundo lugar, a coordenadora bloquista aponta que é preciso que as casas devolutas, “tantas vezes de proprietários sem rendimento, que não conseguem fazer obras”, sejam recuperadas e colocadas “no mercado de arrendamento a preço justo”.

E, só em terceiro lugar, “construir habitação quando é necessário e se for necessário”, defendendo que “é preciso reabilitar, reabilitar, reabilitar, mas não reabilitar para a especulação imobiliária, reabilitar para o direito à habitação.


Notícia publicada no esquerda.net 

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