Autárquicas: Imigrantes vão a votos em listas do Bloco

Diego Garcia e Enara Teixeira
Enara veio do Brasil e Diego da Galiza. São algumas das dezenas de imigrantes que intervêm na política local, candidatando-se nas listas do Bloco de Esquerda às eleições de 26 de setembro. Fomos conhecê-los melhor.

No dia 26 de setembro decorrem em Portugal eleições autárquicas. De acordo com a legislação em vigor, além de cidadãs e cidadãos portugueses, podem ser eleitas pessoas portuguesas e brasileiras com estatuto de igualdade, pessoas dos Estados-Membros da União Europeia, pessoas do Reino Unido com residência anterior ao Brexit e pessoas do Brasil sem estatuto de igualdade bem como de Cabo Verde, com título válido de residência em Portugal há mais de quatro anos.

As listas do Bloco às autárquicas integram dezenas de pessoas que não nasceram em Portugal. Fomos conhecer duas delas.

Enara Teixeira quer “romper as correntes da atual política de direita” em Peso da Régua

Nos primeiros anos em Portugal, Enara sentiu “intimidação por parte das instituições que zelam pela entrada e permanência de estrangeiros em Portugal. Infelizmente não é um processo rápido, nem fácil e nem barato”, afirma Enara, que demorou seis anos a obter a nacionalidade portuguesa. Atualmente reside em Armamar porque “tornou-se impossível conseguirmos adquirir a nossa moradia familiar” por causa da “especulação imobiliária existente no concelho de Peso da Régua”, causada pelo “exagero do turismo de massa”.

Enara aceitou o desafio de concorrer à Câmara “para rompermos as correntes da atual política de direita, machista, senhorial e desligada das necessidades reais da população”, destacando a necessidade de “lutar pela melhoria na saúde, na educação, nas políticas sociais e económicas, com o objetivo de fixarmos mais população no interior”. Enara sublinha também a importância de apoiar a cultura e os artistas bem como promover o turismo sustentável. “Ainda há muito por propor e realizar neste concelho e nós vamos lutar por cada objetivo”, conclui a candidata que encabeça a estreia eleitoral do Bloco em autárquicas no concelho.

Diego Garcia quer continuar a ser conhecido como “o fiscal da Câmara” na Assembleia Municipal de Carregal do Sal

Nos quatro anos de mandato que agora terminam, Diego foi apelidado pela autarquia de “fiscal da Câmara” porque “as pessoas preferem denunciar as situações ao Bloco do que às entidades competentes”, o que demonstra “a falta de resposta que existe”.  Para fixar população neste concelho do interior, faltam “serviços públicos de qualidade, oferta de habitação pública, vias de acesso em condições, oferta cultural e desportiva. Não podemos continuar a olhar para este território como o local adequado para plantar eucalipto ou fazer umas minas, é muito mais que isso”, afirma Diego. 

A sua candidatura destaca também as questões ambientais, a emergência climática e o respeito pelos animais como causas a lutar. “É imprescindível que os e as eleitas do Bloco contribuam para aproximar os órgãos autárquicos das pessoas”, bem como para “combater derivações populistas xenófobas e racistas”, conclui o candidato que também enfrentou a burocracia no processo de naturalização, que diz ser para afastar pessoas e não para facilitar” a integração e acesso a direitos.


Notícia original publicada no Esquerda.net

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