As organizações portuguesas e espanholas denunciam em comunicado cancelamento do comboio histórico noturno Lusitania de ligação entre a capital portuguesa e a espanhola. As organizações defendem a reativação da linha bem como melhoria dos serviços a par do encerramento das linhas aéreas Lisboa – Madrid.
No comunicado a que Interior do Avesso teve acesso as organizações indicam que a Renfe anunciou no fim do passado mês de maio que não voltará a haver comboios noturnos mesmo com a reposição das linhas que tinham sido suspensas devido à pandemia.
Referem que “depois da oposição em vários territórios, a postura da Renfe melhorou. Ainda assim, não se confirmou que não desapareçam alguns dos trajectos, incluindo o comboio Lusitania que une Lisboa a Madrid.”
Foi enviada aos Governos, português e espanhol, por parte dos Ecologistas en Acció e do Climáximo, uma carta que exige a reativação do comboio bem como medidas para garantir que este é viável.
O comunicado anota que “este foi o comboio utilizado pela activista Greta Thunberg para chegar a Madrid vinda de Lisboa para participar na COP25 no passado mês de dezembro. Thunberg não utilizou o avião devido à enorme diferença em termos de emissões de gases com efeito de estufa entre estes dois meios de transporte.”
A Climáximo e os Ecologistas en Acción alertam ainda que esta é a única ligação entre as duas capitais e que o Lusitania é “uma das poucas conexões por comboio entre Salamanca, Ávila e Madrid”.
Consideram ainda que esta decisão é inversa relativamente ao que é preciso para o combate às alterações climáticas, tendo em conta que o comboio eletrificado é a melhor alternativa para a redução das emissões, que são provocadas em 27% pelos transportes na Europa. Referem ainda que “eliminar estes comboios implicaria um aumento do tráfego aéreo e por autoestrada e, portanto, seria diretamente contra os compromissos climáticos dos governos de Portugal e Espanha.
As organizações defendem medidas como o regresso à atividade do Lusitania, bem como a modernização da linha ferroviária através da sua eletrificação mediante um investimento público que recupere os caminhos de ferro e os comboios noturnos. Defendem ainda que é necessário “por em marcha um processo entre os governos português e espanhol para que os comboios nocturnos, pela sua capacidade de reduzir emissões de gases com efeito de estufa em relação ao avião, sejam considerados serviço público na União Europeia” e também “ampliar a conexão ferroviária convencional electrificada e de qualidade entre as capitais ibéricas através da Extremadura”.
Por fim, defendem ainda a eliminação da ligação aérea entre Lisboa e Madrid que “actualmente transporta 1,4 milhões de passageiros por ano”.