A proximidade de uma concessão de volfrâmio e estanho na localidade espanhola de Calabor, que tem passado despercebida em Portugal, preocupa pela sua proximidade a Rio de Onor e ao Parque de Montesinho, em Bragança. O estudo de impacto ambiental (EIA) está em consulta pública até dia 21.
Segundo notícia do Jornal de Notícias (JN), foi com espanto que a população da fronteira em Bragança soube que poderá surgir uma exploração de volfrâmio e estanho, com extração a céu aberto e lavagem de inertes, na zona de Calabor (Espanha), a apenas cinco quilómetros de Rio de Onor e a dois quilómetros do Parque de Montesinho.
A concessão que prevê a utilização de uma grande área de terreno, tem sido contestada por associações ambientalistas espanholas, uma vez que está projetada para uma zona de alto valor ecológico na Rede Natura 2000 e dentro da Zona Especial de Conservação da Serra da Culebra.
O EIA aponta diversos impactos negativos para a vegetação mas sobretudo a nível da fauna, onde “o efeito mais óbvio é produzido pela destruição do habitat [de várias espécies]”, refere o documento, segundo o JN.
João Branco, do núcleo de Vila Ral da Associação Ambientalista Quercus, em declarações ao JN, dá exemplos de quais as espécies que podem ser afetadas, como a toupeira de água, cuja presença é confirmada pelo EIA, “que é muito rara” ou o lobo ibérico que é espécie emblemática do Montesinho e protegida em Portugal.
Lembrou ainda que Montesinho é um território de passagem de muitos animais “e até um urso lá foi detetado”. O projeto implica também a instalação de uma linha de alta tensão “que pode ter influência em aves em vias de extinção, como a água-real e a de bonelli”.
Outras fontes de preocupação são o arrastamento de poeiras e o facto de a mina estar planeada para a bacia hidrográfica do Douro, “prevê-se que os cursos de água e as subterrâneas venham a ter alguma contaminação”, sublinhou o ambientalista.
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