A Ribeira de Travassos, em Beijós, concelho de Carregal do Sal, encontrava-se hoje com grande quantidade de espuma e com cheiro a produtos industriais em pleno centro da localidade.
A denúncia foi feita por um munícipe ao Núcleo Concelhio de Carregal do Sal do Bloco de Esquerda. Alguns membros do Núcleo deslocaram-se ao local, Poço da Relva, onde comprovaram o “estado preocupante da Ribeira de Travassos, com grande quantidade de espuma e com cheiro a produtos industriais.”
Em nota de imprensa, o Núcleo do Bloco de Esquerda lembra que “esta Ribeira é um dos encantos naturais do concelho e da freguesia de Beijós. É um local que aviva a memória e traz recordações à população de Beijós, já que era um espaço onde muitas gerações conviveram e aprenderam a nadar. Era o ponto de encontro dos jovens no Verão, mas que hoje em dia não passa de mais de um curso de água poluído e abandonado, à semelhança do que acontece um pouco por toda a região.”
Ainda segundo a nota, o espaço foi, “durante décadas”, mantido “apto” pela população de Beijós, que limpava “o mato à volta para acondicionar o acesso ao Poço da Relva. Hoje em dia, está num estado de abandono total por culpa das entidades competentes.”
A Ribeira de Travassos inclui-se na sub-bacia hidrográfica do Rio Dão. O Bloco apresentou, no mês passado, um Projeto de Resolução na Assembleia da República que tem como objetivo, precisamente, despoluir esta sub-bacia. O projeto foi aprovado por unanimidade, cabendo agora às entidades competentes colocá-lo em prática.
A questão já tinha sido levantada antes pelo Bloco de Esquerda. Em 2016, algumas unidades industriais de Nelas foram obrigadas a instalar Estações de Tratamento de Águas Residuais para evitar a contaminação dos cursos de água. “Hoje em dia, o problema mantém-se mostrando um grande desrespeito pelo território onde geram riqueza”, considera o Núcleo.
Acrescentando que “estes atentados ao património comum são inconcebíveis em qualquer parte do mundo, mas sobretudo num território já por si penalizado pela baixa densidade populacional, pela falta de oportunidades e pela falta de acesso aos serviços públicos. As entidades competentes não são proativas na resolução destes problemas perpetuando assim a destruição de locais naturais e com capacidade para serem motores de desenvolvimento local.”
O Núcleo Concelhio do Bloco de Esquerda de Carregal do Sal informa ainda que vai dar conta desta situação às entidades competentes, nomeadamente à Agência Portuguesa do Ambiente, ao SEPNA e à Câmara Municipal de Carregal do Sal.
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