Covid-19: O abandono de Freixo de Espada à Cinta

Poiares – Freixo de Espada à Cinta / Foto de Pedro | Flickr
O surto de covid-19 na localidade de Poiares, no concelho de Espada à Cinta, tem preocupado a população, que se queixam de abandono por parte das autoridades de saúde. Suspeitos têm de percorrer mais de 100 quilómetros para fazer um teste de despiste à covid-19.

Uma reportagem da Lusa relata a sensação de abandono que existe em Poiares, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, onde os habitantes “demonstram um sentimento de uma inquietude silenciosa e uma sensação de abandono por parte das autoridades de saúde”. Existe um surto de covid-19 com 20 casos ativos. 

A população anseia por uma unidade móvel de testagem para ajudar a controlar o foco de covid-19. O octogenário, José Andrade, refere que as coisas por Poiares “estão ásperas devido ao bicho” e lamenta que “ninguém olhe para esta gente que está longe de tudo”. 

Em declarações à Lusa, José Andrade diz que “há por aqui muito idosos como eu. Isto já não é como há 15 dias. Noto que as pessoas estão mais recatadas e talvez mais desconfiadas devido à presença do vírus na aldeia. É preciso mais atenção para descobrir o que se passa”. 

Por sua vez, Júlia frisa que é necessário ter cuidado “porque já lá vão quase duas semanas em que registam casos de covid-19 e pouco ou nada se fez” e acrescenta que “não sabemos quem está infetado. Precisamos de fazer mais testes e quando os temos de fazer vamos muito longe, a Macedo de Cavaleiros”. 

A aldeia de Poiares conta com 27 pessoas em confinamento obrigatório, de acordo com dados da Junta de Freguesia, aos que se juntam os 20 casos ativos, segundo o último boletim epidemiológico da Unidade Local de Saúde do Nordeste.

Bernardo Gabriel foi um dos primeiros casos positivos da aldeia e esteve em confinamento desde 4 de setembro. Afirma à Lusa que “já estava a ganhar mofo após tantos dias em casa. Fui, por vontade própria e por aconselhamento das entidades de saúde, fazer isolamento profilático”. 

Bernardo decidiu fazer o teste porque cuida dos pais, que já têm uma idade avançada, e acabou por ser enviado para a unidade de testagem de Macedo de Cavaleiros onde “fiz 200 quilómetros de uma viagem complicadíssima sem saber se estava positivo ou negativo do vírus. Foi muito difícil. Temos de parar pelo caminho e não sabemos o nosso estado de saúde”. 

Esta é uma das queixas da população já que a percentagem de pessoas idosas na aldeia é muito elevada e acaba por ser impraticável fazer 100 quilómetros para fazer um teste. O Presidente de Junta de Poiares, Felipe Portela, garante que já denunciou esta situação às autoridades, mas que não obteve resposta. 

Na passada sexta-feira, o presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Bragança, Francisco Guimarães, mostrou-se “preocupado” com as distâncias que os habitantes de freguesias como Poiares têm de percorrer para a realização de testes à covid-19.

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