A descoberta só foi concretizada porque as águas do rio Côa desceram. O painel tem um tamanho de 10 metros, mas até agora só era possível observar 3,5 metros.
Foi descoberta a maior gravura ao ar livre, representativa de um auroque (boi selvagem), inscrita numa rocha no sítio do Fariseu, no Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), com data do Paleolítico Superior, segundo a agência Lusa.
Os investigadores ampliaram a área de trabalho, o que permitiu “perceber a relação da vida quotidiana do Paleolítico Superior com a arte do Côa”, afirmaram.
Os arqueólogos nunca duvidaram do potencial rupestre da “rocha 09” do PACV, onde se encontra o auroque, que fica a 50 metros do rio Côa. Para os investigadores realizarem os trabalhos teve que se reduzir o caudal do rio e assim foi descoberto o que é considerado um dos maiores painéis de arte rupestre ao ar livre de todo o mundo.
A última vez que o Côa reduziu o seu caudal para a realização de sondagens arqueológicas foi em 2007. Esta decisão está dependente da EDP, que é a entidade que gere a albufeira do Pocinho.
O arqueólogo da Fundação Côa Parque (FCP), Thierry Aubry, explicou à Lusa que “aproveitamos os três dias de abaixamento das águas do rio Côa para dar continuidade aos trabalhos de descoberta da “rocha 09” do Fariseu. Este trabalho deu-nos a oportunidade única de escavar sedimentos que por norma estão por baixo da água do rio”.
O painel onde se encontra o auroque tinha, inicialmente, 3,5 metros visíveis, mas agora foram descobertos até 10 metros de gravura.
O investigador refere que “este é o maior painel gravado com motivos rupestres existentes no Vale do Côa, com uma composição que demonstra um outro interesse científico, porque estamos num sítio privilegiado ao nível da arte rupestre”.
Os próximos passos vão no sentido de se fazer um diagnóstico de todo o material recolhido e “saber exatamente” o que a ocupação humana de milhares de anos foi deixando nestas camadas de sedimentos nas margens do rio Côa.
A “rocha 09” do Fariseu representa um dos principais núcleos de arte rupestre do Vale do Côa, classificados como Monumento Nacional, e inscritos na Lista de Património Mundial da UNESCO.
O PAVC foi criado em 1996, a arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e como Património Mundial pela UNESCO em 1998.