Direção de Veterinária ordena encerramento de canil em Gouveia

A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) ordenou o encerramento de um canil em Moimenta da Serra, Gouveia, por alegado abandono e omissão de cuidados a 103 animais.

Liliana dos Santos, a responsável pelo canil, terá sido notificada no final da semana passada do seu encerramento. Segundo notícia do Jornal de Notícias (JN), quase em simultâneo, foi acusada pelo Ministério Público (MP) da prática de 23 crimes de maus-tratos de animais num outro canil, em S. Paio, também no concelho de Gouveia.

Decorre agora o prazo para a visada contestar os fundamentos da perda de licença e consequente encerramento. Segundo apurou o JN, para a decisão tomada pela Direção de Veterinária, organismo na dependência do Ministério da Agricultura, terão pesado testemunhos de vizinhos e doadores, que denunciaram a falta de assistência aos animais residentes no “Cantinho da Lili”.

Uma voluntária deslocar-se-ia ao local três dias por semana. Com exceção desses dias, os cães ficariam “condenados a largos períodos de fome e sede”, estando alguns confinados a “gaiolas de um metro quadrado”, que deveriam servir apenas para transporte, alguns cães encontravam-se feridos e doentes.

Caso a decisão da DGAV se confirme, os animais poderão permanecer na mesma quinta, ao cuidado da sua proprietária, uma vez que a venda da quinta nunca chegou a ser consumada com a dona do canil.

O JN falou com a proprietária da quinta, Lurdes Perfeito que se demonstrou disponível para cuidar dos animais. “Se for nomeada fiel depositária dos animais tenho muito gosto em tratar deles, constituir uma associação para o efeito e depois iniciar o processo de adoção dos cães”.

“Durante sete anos, cedi o espaço, vendi em 2019 e recebi um sinal de 10 mil euros, mas, por razões que me são alheias, a escritura nunca foi feita”, contou ainda Lurdes Perfeito ao JN.

“Logo em 2013, trouxe alguns cães violentos de um canil de Aveiro e misturou-os com os que já aqui estavam e não se mataram todos entre si por sorte”, recordou ainda, considerando que Liliana dos Santos não tem condições para tratar dos cães.

Acusação por maus-tratos do Ministério Público

Em menos de sete meses, esta é a segunda ordem semelhante recebida por Liliana dos Santos. Um canil pelo qual era responsável em S. Paio foi encerrado em setembro de 2020, depois de denúncias apresentadas por vizinhos à GNR da Guarda.

Em paralelo, lembra o JN, foi acusada pelo MP da prática de um total de 23 crimes de maus-tratos a animais, referentes ao canil de S. Paio.

Nessa altura, um dos animais foi encontrado morto, em avançado estado de decomposição, e os restantes encontravam-se em “evidente estado de desnutrição”. Os 22 cães sobreviventes foram apreendidos e depois distribuídos por outros canis da região.

Soube-se ainda, recorda o JN, que à altura os cães já tinham destruído as redes das jaulas onde se encontravam aprisionados e avançado para terrenos próximos, em busca de água e alimentos.

O veterinário municipal e o Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) confirmaram a “inexistência de condições de salubridade” do local que acolhia cães “com magreza extrema”.

O JN não conseguiu obter uma reação de Liliana dos Santos.

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