José Gusmão, eurodeputado do Bloco, na sessão online com Ana Miranda, responsável do BNG para a Europa, salientou a necessidade dos trabalhadores transfronteiriços terem cobertura médica, “especialmente nestes tempos de pandemia”.
O debate online com o nome “Galiza e Portugal: Que Europa Queremos?” realizou-se ontem, sábado dia 17 de outubro, e juntou o eurodeputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, e a responsável do Bloco Nacionalista Galego (BNG) na Europa, Ana Miranda. A iniciativa foi organizada pelo BNG Portugal e transmitida pelas várias redes sociais do BNG.
A questão da língua
Ana Miranda aproveitou o debate para lançar uma proposta, no âmbito do tema da Lei Paz-Andrade, a criação de um grupo informal no Parlamento Europeu com os eurodeputados dos países lusófonos e acrescentou que a Galiza “gostaria imenso de participar como país na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).”
Por sua vez, José Gusmão apontou que “fala-se menos de como a língua pode proporcionar outro tipo de continuidades, como relações económicas, que ainda não foram pensadas estrategicamente” e acrescentou que “é óbvio que há limitações” nas relações entre a Galiza e Portugal, que “não têm nada a ver com logística, mas com as relações com o Estado espanhol” dando como exemplo as rádios e TVs portugueses que se solicitam na Galiza.
.@joseggusmao e @anamirandapaz explican as iniciativas conxuntas que teñen desenvolvido @obloque e @EsquerdaNet en temas relacionados coas infraestruturas, a loita contra os incendioa ou a defensa dos bens comúns pic.twitter.com/6sXaPOVp4P
— BNG_ParlamentoEuropeo (@BNG_ParlEuropa) October 17, 2020
A importância das Eurocidades
Depois de uma pergunta do público onde se referia que “as eurocidades estão completamente subaproveitadas, focando-se quase por completo no turismo (daí também terem sofrido gravemente com o encerramento das fronteiras). Temos os exemplos das eurocidades Verin-Chaves, Valença-Tui e Cerveira-Tominho. Não acham que estas eurocidades deveriam ser alavancas de desenvolvimento científico, cultural, académico e linguístico em vez de só ter um peso maioritariamente turístico?”.
Ana Miranda concordou com a questão e referiu que “existiram graves problemas durante o confinamento e é necessário mais fundos europeus para reforçar as eurocidades”. Deu o exemplo de Verin-Chaves, onde as pessoas só precisam de se deslocar 5 quilómetros para trabalhar.
Falando ainda das eurocidades, José Gusmão, acrescentou ao debate que “é muito raro que a Galiza apareça em debates estratégicos para Portugal.”
Os trabalhadores transfronteiriços e a necessidade de cooperação no combate aos incêndios
A responsável do BNG na Europa acabou por referir as diversas iniciativas conjuntas entre os dois partidos, relacionadas com os temas das infraestruturas ou na luta contra os incêndios lamentando a falta de meios para combater os fogos do verão no Gerês. “O lume não conhece fronteiras”, apontou.
O eurodeputado do Bloco disse que os trabalhadores transfronteiriços merecem toda a atenção já que se encontram “numa zona cinzenta”. Para José Gusmão, “deveriam-se poder partilhar serviços, tal como o acesso a clínicas e hospitais”.