Elevado risco de crise ambiental no Cabeço do Pião

Foto por: Nuno Madeira Alves Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/deed.en Link original: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lavaria.jpg

A exploração das Minas da Panasqueira deixou uma herança de grave risco ambiental. Em Cabeço do Pião, no Fundão, uma vasta quantidade de lamas altamente tóxicas, contaminadas com metais pesados como arsénico, chumbo, zinco, cobre, cádmio e manganês, resultantes da extração de minério foram depositadas numa escombreira que se encontra em risco de rutura iminente.
A extração de volfrâmio nestas Minas, que foi explorada por mais de um século pela empresa Beralt Tin and Wolfram, terminou em 1996. A empresa abandonou o terreno sem nunca ter procedido à requalificação da zona.
Há cerca de 14 anos quando a responsabilidade sobre o Cabeço do Pião passa para o Município do Fundão já a Beralt Tin and Wolfram tinha encerrado a exploração, transferindo a lavaria para a Barroca e ali deixado a escombreira.

Lavaria na Barroca Grande (Foto de Nuno Madeira Alves)
O Instituto Superior Técnico tinha já detetado esta situação e a Faculdade de Engenharia do Porto está a proceder a estudos ambientais e toxicológicos sobre os impactos da contaminação do rio por estas lamas. Este estudo é essencial, quer pelo eminente risco de rutura, quer pela falta de impermeabilização do solo, o que permite a infiltração dos contaminantes nos solos e a contaminação do rio Zêzere.
Os resultados preliminares demonstram que, em caso de rutura, os metais pesados serão transportados até à Barragem do Cabril expondo a população local a níveis inaceitáveis de toxicidade e agentes carcinogénicos. Os investigadores recomendam ainda a reabilitação urgente do local para evitar este cenário de contaminação catastrófico.
Esta situação levou a que o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda defenda a análise urgente por parte da Comissão de Ambiente com a realização de audições com os presidentes da Câmara do Fundão (distrito de Castelo Branco) e Figueiró dos Vinhos (distrito de Leiria), bem como com os investigadores do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, e da Faculdade de Engenharia do Porto. Apesar da tutela já ter informado que é da competência da Câmara do Fundão resolver o passivo ambiental, é importante sublinhar que o Governo não se pode alhear do problema, uma vez que a atividade mineira foi concessionada pelo Estado.
Também o Município de Figueiró dos Vinhos enviou à Comissão de Ambiente um ofício da Assembleia Municipal de Figueiró dos Vinhos “a demonstrar grande preocupação pelo perigo iminente da derrocada desta escombreira e da possibilidade de afetar uma área bastante relevante do território nacional, havendo risco de contaminação do Rio Zêzere e a jusante da Albufeira de Castelo de Bode que garante o abastecimento de água para consumo humano a cerca de três milhões de pessoas na região da Grande Lisboa”.

(Escrito por MFS)

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