Escolas querem “mudanças significativas” para o mirandês

Os responsáveis pelo Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (AEMD) querem que o governo aja em prol de “mudanças significativas” para o ensino do mirandês, tais como a elaboração de manuais próprios para lecionar a língua.

“Na maioria das disciplinas, o Ministério [da Educação] assegura o empréstimo dos manuais escolares aos alunos. No caso do mirandês, são os professores a criar a suas próprias ferramentas e metodologias de ensino. A disciplina de Língua e Cultura Mirandesa torna-se numa situação complicada, porque não existem no mercado livros que possam ser adaptados para o ensino desta cadeira”, afirmou o presidente do AEMD, António Santos, à agência Lusa.

“Reconhecemos que somos uma população escolar reduzida e aqui não impera a lei do mercado. Ninguém vai fazer livros para ganhar dinheiro. O que é um facto é que os alunos não vão ter acesso a manuais escolares para a disciplina de mirandês, que é facultativa”, acrescentou.

António Santos afirma ainda que, todos os anos, os professores da disciplina de Língua e Cultura Mirandesa é que têm de preparar os materiais pedagógicos, o que lhes tira tempo para o ensino. Para mais, informa que os materiais de ensino acabam por ser quase exclusivamente fichas de ensino fotocopiadas, numa situação “desgastante” para os docentes, com níveis de ensino desde a pré-primária até ao final do ensino secundário.

Num universo de 611 alunos, 404 matricularam-se, este ano, na disciplina de Língua e Cultura Mirandesa, que é opcional.

“Houve uma ligeira subida face ao ano passado, o que contraria uma tendência negativa que se vinha verificado com a perda de alunos”, continuou António Santos.

O presidente do AEMD defende que é necessário haver um corpo docente estável para lecionar a disciplina em questão, uma vez que “não há nenhum grupo de professores para esta disciplina”, o que “não garante estabilidade profissional aos docentes”.

“Este ano temos professores para esta disciplina. Porém, no próximo ano, podermos não ter docentes, até porque poderá surgir uma situação que lhes seja mais favorável e o projeto de ensino do mirandês pode ficar comprometido”, notou o presidente do AEMD.

Segundo a agência Lusa, o ano letivo com mais alunos matriculados na disciplina foi o de 2013/14, com um total de 495 alunos, 66% dos inscritos esse ano no AEMD. Desde 2009/2010 que o ensino do mirandês é feito de forma contínua, desde o pré-escolar até ao secundário.

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