Expropriações da Iberdrola em Ribeira de Pena deixam populações sem solução

Foto de Benardino Rodrigues | Facebook
Na localidade de Ribeira de Baixo, no concelho de Ribeira de Pena, o semblante é de tristeza, agora que se aproxima a altura de abandonar as casas construídas com as poupanças de uma vida de trabalho. Com a construção da barragem de Daivões, a empresa Iberdrola tem vindo a avançar com os processos de expropriação, mas a população afirma que os valores oferecidos não refletem o valor das suas habitações, nem cobrem o valor de uma nova.

A reportagem da SIC Notícias neste fim-de-semana relatou o caso de três famílias, mas ao todo são 49 habitações a ser expropriadas. Na reportagem o valor oferecido a José Vilela foi de 81.000€, que até já comprou casa nova, mas não aceita este valor que considera muito abaixo do valor da casa construída com o que ganhou em 60 anos de trabalho em França. A José Limões, ainda emigrado em França, foi oferecido 76.444€, que também não aceitou, mas admite estar a ponderar aceitar, porque “não posso esperar mais, não posso dormir, a mulher também não, não estou para à conta disto morrer”. No caso de Mª da Glória acabou por aceitar os 78.522€ por se sentir pressionada, admite. Recebeu recentemente a notificação para abandonar a sua casa no início de novembro, mas com este valor não vê como pode ser possível a compra de casa nova.

Estes são três dos 19 casos que estão em Tribunal. Para João Noronha, presidente da Câmara Municipal de Ribeira de Pena, as expropriação não foram bem conduzidos e receia que ao longo deste processo haja famílias que acabem por abandonar o concelho definitivamente.

A Iberdrola informa em comunicado que desde 2017 tem levado a cabo um estudo detalhado, caso-a-caso, agilizar o realojamento e afirma que para a empresa a prioridade máxima são as pessoas, porém a solução apresentada no caso da Srª Mª da Glória é o alojamento temporário em casas pré-fabricadas, onde nem sequer cabem os pertences da família.

Para João Noronha, não basta a Iberdrola salvaguardar todas as medidas compensatórias exigidas por lei, e considera que a empresa deve ir mais longe nos apoios.

(Escrito por MFS)

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