No Centro de Saúde de Castelo Rodrigo há dois médicos para 5.500 utentes. A partir de dia 13 de fevereiro ficará apenas um.
Face a este cenário, a população local manifestou-se ontem: cerca de 200 pessoas participaram numa marcha lenta entre a Câmara Municipal e o Centro de Saúde. A falta de respostas deixa doentes crónicos sem acompanhamento regular e exige que os bombeiros realizem mais transportes para o Hospital da Guarda, que fica a cerca de 70km. “Figueira de Castelo Rodrigo na luta por mais médicos”, “concelho em luta por uma consulta” e “sem médicos estamos entregues a nós próprios” são alguns exemplos do que se pode ler nos cartazes dos manifestantes.
A candidata do Bloco de Esquerda às Legislativas de 10 de março pelo círculo eleitoral da Guarda, Beatriz Realinho afirma que “o desinvestimento que se tem vindo a fazer sentir, no SNS é uma constante. Sente-se a falta tanto de recursos materiais como profissionais que acabam por resultar em falhas para com os utentes. Neste cenário, em todo o Serviço Nacional de Saúde, a ULS da Guarda tem sido desvalorizada e transformada, cada vez mais, num serviço mínimo, e tal faz-se sentir em diversas unidades de saúde, como é o caso do Centro de Saúde de Figueira de Castelo Rodrigo, pois vemos que se chegou a um ponto de rutura. Consideramos que em prejuízo ficam os habitantes da região, que vêm mais distante o acesso a cuidados de saúde, assim como a própria saúde de todos/as os/as profissionais do SNS, pois pode existir uma perda de eficiência nos cuidados por esgotamentos ao encontrarem-se sobrecarregados”.
Uma sondagem da Universidade Católica revela que a saúde é o tema que os inquiridos mais gostariam de ver tratado em campanha eleitoral. A este nível, Beatriz Realinho acrescenta que “o Bloco de Esquerda defende que é necessário: um reforço do número de trabalhadores/as da ULS; a verificação dos concursos de ingresso e de promoção já concluídos na ULS que não receberam cabimento orçamental; um reforço e aprofundamento das valências dos serviços de saúde de proximidade; revisão e alargamento dos apoios à fixação em zonas carenciadas, nomeadamente, através da cobertura de despesas com habitação; revisão de todas as carreiras e posições remuneratórias; um regime de exclusividade tem de ser aplicável a todos os trabalhadores, com majoração de 40% do salário e com outros incentivos associados”.