Nos últimos anos, os CTT falharam todos os parâmetros de qualidade definidos pelo regulador. Agora, o Governo cedeu à empresa e passa a ter a última palavra sobre esses indicadores. Lucros dos CTT aumentaram seis vezes até setembro.
Segundo a resolução do Conselho de Ministros desta quarta-feira, citada pelo portal Eco, a função que competia à Anacom de definir os parâmetros de qualidade do serviço postal passará a pertencer ao Governo na futura concessão do serviço postal universal.
Com a nova lei, o regulador limitar-se-á a apresentar uma proposta para a fixação desses parâmetros de qualidade de serviço e objetivos de desempenho e o Governo terá a palavra final sobre eles.
Estes parâmetros de qualidade e objetivos de desempenho têm vindo a ser contestados pelos CTT desde a sua implementação em 2018. E 2020 foi o segundo ano consecutivo em que a empresa não conseguiu cumprir um único desses objetivos. A administração da empresa já tinha ameaçado que não aceitaria uma nova concessão sem que eles fossem alterados.
Na mesma reunião do Conselho de Ministros foi também aprovado o ajuste direto aos CTT da nova concessão do serviço postal universal, com início a 1 de janeiro de 2022, por um período de sete anos. No caderno de encargos que será elaborado nas próximas semanas deverá ser incluída a obrigatoriedade de haver pelo menos uma estação de correio em funcionamento por cada concelho.
CTT anunciam aumento dos lucros entre janeiro e setembro
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa de serviço postal revela que viu os seus lucros aumentarem seis vezes entre janeiro e setembro – de 4,3 milhões para 26,3 -. por comparação com o mesmo período de 2020.
A nota citada pela agência Lusa diz que os rendimentos operacionais nos primeiros nove meses deste ano cresceram “14,7%, atingindo 612,9 milhões de euros, mais 78,6 milhões de euros do que nos primeiros nove meses de 2020, com o desempenho notável do negócio de Expresso e Encomendas a crescer 54,8 milhões de euros (+41,7%)”, seguido do Banco CTT, com mais 12,3 milhões de euros (+20,7%), do Correio e Outros, que registou mais 8,2 milhões de euros (+2,6%), e dos Serviços Financeiros e Retalho, com um crescimento de 3,3 milhões de euros (+10,2%)”.
O crescimento das receitas no segmento Expresso e Encomendas fica a dever-se em muito ao “forte desempenho da região ibérica, com Espanha a mostrar os resultados da estratégia delineada apresentando um crescimento de 36,7 milhões de euros (+76,1%) e Portugal de +17,9 milhões de euros (+22,0%)”. Espanha “representou 45,6% das receitas do segmento Expresso e Encomendas, tendo este contributo crescido 8,9 p.p. [pontos percentuais]” face ao período homólogo.
No sentido inverso, os CTT dizem que ”os rendimentos da área de negócio de correio apresentaram no terceiro trimestre deste ano um decréscimo de 5,3 milhões de euros (-5,0%)” em relação ao trimestre homólogo, “devido ao desempenho do correio internacional de chegada, fortemente influenciado pelo fim da isenção do Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA) nas compras extracomunitárias de baixo valor […] a partir de 1 de julho de 2021”.
Quanto ao número de trabalhadores, que inclui contratados a termo, a empresa diz ter ao serviço a 30 de setembro 12.924 trabalhadores, mais 452 que no fim de setembro de 2020.