O que te levou a encabeçar esta candidatura?
Encabeço esta candidatura, porque acredito que a política deve ser, acima de tudo, um exercício de cidadania e porque reconheço a pobre representação do Interior do país na Assembleia da República. Não basta utilizar o chavão da coesão territorial para cumprir agenda, é preciso agir e ser ativo na luta por melhores condições para quem vive nestas regiões, e demonstrar que não podemos simplesmente negligenciar metade do território nacional. Interessa-me participar na construção de uma sociedade mais justa, onde seja possível viver livre e com dignidade.
Com base na tua experiência enquanto profissional e/ou ativista, o que nos podes dizer sobre precariedade laboral no interior?
O nosso país é, no geral, bastante precário, no entanto, consigo detectar que, no Interior, há abundância de contratos associados a empresas de trabalho temporário (como é, aliás, o meu caso), contratos de trabalho a termo certo, estágios profissionais e programas Contrato Emprego Inserção e Inserção+, do IEFP. Para além dos falsos recibos verdes, claro está, que afetam vários setores de atividade.
Qual a(s) maior(es) preocupação(ões) no teu distrito?
Há inúmeros desafios e problemas que precisam de ser solucionados no distrito, nomeadamente a falta de oportunidades e de condições de trabalho, o difícil acesso à habitação, o escasso investimento na ferrovia e nos transportes públicos, as portagens, a falta de acesso a cuidados de saúde, a carência de serviços, a escassa oferta cultural e a extração de recursos naturais abusiva, que põe em causa o meio ambiente e as populações. Neste momento, alguns dos casos mais gritantes são a exploração mineira na Serra da Argemela, a construção do IC31, a Central de Biomassa do Fundão e a poluição do rio Tejo.
Que filme e que livro gostarias de partilhar?
O primeiro filme que me veio à cabeça foi o “Triângulo da Tristeza”, de Ruben Östlund, pela pertinente crítica social. Quanto ao livro, há inúmeros livros bons que poderia sugerir, mas tenho estado fascinada pela tradução da Bíblia levada a cabo pelo professor Frederico Lourenço. Uma tradução mais literal do original grego, afastada dos interesses e concepções da Igreja Católica. Apesar de ser ateia, interessa-me perceber o cristianismo e o papel central que teve – e que ainda tem – na cultura ocidental.