Mariana Mortágua: “a ferrovia é um bom exemplo” quando há vontade política

A Coordenadora Nacional do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua e os cabeças de lista pela Guarda (Beatriz Realinho), Castelo Branco (Inês Antunes) e Viseu (José Miguel Lopes) juntaram-se esta sexta-feira numa iniciativa para falar de mobilidade e de coesão territorial. 
Mariana Mortágua, Inês Antunes (Castelo Branco), José Miguel Lopes (Viseu) e Beatriz Realinho (Guarda). Foto Esquerda.net
Mariana Mortágua, Inês Antunes (Castelo Branco), José Miguel Lopes (Viseu) e Beatriz Realinho (Guarda). Foto Esquerda.net

A viagem arrancou na Covilhã, com algum atraso, o que não surpreendeu ninguém que esperava o comboio no cais na Covilhã. Mariana Mortágua viajou na linha da Beira Baixa, entre a Covilhã e a Guarda, com os cabeças de lista da Guarda, Castelo Branco e Viseu, para mostrar que “a ferrovia é um bom exemplo” de que “quando há empresas públicas com capacidade, quando há vontade política é possível ter não só um serviço à população” como ter “uma indústria baseada em Portugal, com produção em Portugal, com capacidade de fornecimento e de mão-de-obra especializada em Portugal”, segundo declarações à agência Lusa.

“Houve um percurso de destruição da ferrovia. Esta linha da Beira Baixa esteve encerrada desde 2009, abriu e hoje presta um serviço essencial às populações e nós quisemos mostrar isso, há coisas boas em Portugal e quando há investimento nelas, o país avança”.

Mas é “preciso fazer mais”, alerta a coordenadora do Bloco, dando como exemplo a luta dos “trabalhadores dos bares e das limpezas da CP”. “São trabalhadores que servem um serviço essencial mas que andam de contrato precário em contrato precário e de empresa em empresa a quem não são garantidos estes direitos”, defendeu.

Mortágua lembrou que “o plano de direita era de destruição da ferrovia”, um plano que “vinha de trás, de uma governação do Partido Socialista com José Sócrates”. E foi com a Geringonça, em 2015, “que se recomeçaram a abrir linhas ferroviárias, a requalificar linhas ferroviárias e o país precisa disso mesmo”.

O Bloco de Esquerda foi o primeiro partido a apresentar um Plano Ferroviário Nacional, em 2019, tendo sido chumbado inicialmente pela direita e pelo Partido Socialista, que, posteriormente, avançou com um Plano Ferroviário Nacional. 

A linha de Aveiro-Viseu-Guarda-Salamanca, essencial para a mobilidade entre o interior e o norte, e para ligar Portugal à rede europeia, só está prevista para 2050. O que significa que Viseu, capital de distrito, só terá comboio daqui a várias décadas. O Bloco quer a ferrovia como prioridade e o Plano Ferroviário Nacional deve estar totalmente concluído até 2040.

“Quer-se combater a desertificação e o isolamento do interior, mas depois os transportes são os mais caros do país”, apontou Mariana Mortágua, defendendo a criação de um passe intermodal na região, como acontece nas áreas metropolitanas, reduzindo o custo para a carteira dos habitantes e estimulando o hábito de utilização dos transportes públicos. Ao argumento da falta de procura por estes transportes, Mariana Mortágua responde com a degradação do serviço que foi afastando as pessoas à medida que deixaram de contar com transportes com horários fiáveis e que sirvam as suas necessidades.

Falar de mobilidade no interior também é falar de repor a justeza das SCUT

Chegada à Guarda, a comitiva do Bloco reuniu com a “Plataforma P’la Reposição das SCUTS A23 e A25”, que serviu para reafirmar o compromisso do Bloco com o fim das portagens nestas estradas. Estas populações são duplamente afetadas, porque pagam para conseguir fazer as suas deslocações e também através de impostos às rendas milionárias garantidas das PPP rodoviárias. O Bloco propõe a antecipação do fim das PPP rodoviárias.

Para José Miguel Lopes, cabeça de lista por Viseu, “a ferrovia tem de ganhar uma nova centralidade nas políticas públicas em Portugal.” Exige a reabertura e requalificação total da Linha do Douro, “antes do prazo anunciado para o fim dos estudos ambientais, em 2028.”

Miguel Lopes considera um insulto às populações que o ínicio das obras para a linha Aveiro-Viseu-Guarda-Salamanca seja só a partir de 2035.

Exige também uma “rápida requalificação da linha da Beira Alta que ultrapasse os atrasos atuais.” Para o cabeça de lista de Viseu, a “mobilidade, quer na ferrovia e quer na rodovia, tem de ser integrada com a devolução dos serviços públicos no investimento do interior. Tudo isto é coesão territorial.”

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