Movimento proTEJO rejeita construção de mais açudes e barragens no rio Tejo

Foto por Jlrsousa, CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Commons
O movimento proTEJO rejeita a construção de mais açudes e barragens no rio Tejo defendidos no Projeto Tejo. Nesse sentido, aprovou um memorando onde aponta os seus impactos negativos ecológicos e económicos.

“O proTEJO defende o rio Tejo livre dos açudes e das barragens do Projeto Tejo [projeto de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Tejo e Oeste] e através deste memorando pretende fazer uma reflexão sobre aquilo que é apresentado, indicando aquilo que não é dito (…) e algumas das falácias apresentadas”, além de “sugerir um conjunto de alternativas quer sobre a oferta quer sobre a procura da água”, disse à Lusa Paulo Constantino, porta-voz do movimento com sede em Vila Nova da Barquinha. 

O Projeto Tejo prevê um investimento de 4,5 mil milhões de euros para fornecer água a 300 mil hectares das regiões do Ribatejo, Oeste e Setúbal nos próximos 30 anos. Como explicou Jorge Froes à Lusa, o objetivo é criar um “espelho de água contínuo através da construção de seis açudes até quatro metros de altura entre Abrantes e Lisboa, com escada passa-peixes, que vão tornar o Tejo navegável, e com estações elevatórias que vão permitir bombar a água para as encostas da Lezíria e também da zona Oeste”.

Por seu lado, Paulo Constantino, do proTEJO defende que o Projeto Tejo teria como consequência “impactos negativos em termos ambientais por interromper ciclos ecológicos para a sustentabilidade da vida e da biodiversidade” e até “em muita da atividade económica, especialmente na localizada no Alto Tejo e Médio Tejo”.

O movimento ambientalista acusa o Projeto Tejo de “irracionalidade económica e social”, tendo feito notar que os investimentos de 4,5 mil milhões de euros que prevê “serão oito vezes superiores ao valor acrescentado bruto anual da agricultura com rega intensiva na região hidrográfica do Tejo e Oeste”, ou seja, “um gasto desproporcionado de dinheiros públicos”.

Atualmente, defende o proTEJO, “não existem previsões de maiores pressões de necessidade de água na agricultura que justifiquem a construção de novos açudes e barragens, uma vez que as superfícies irrigáveis e regadas se têm vindo a reduzir no Ribatejo e Oeste, apesar de existirem disponibilidades hídricas superficiais e subterrâneas para a sua expansão”.

No memorando, citado pela Lusa, o proTEJO “sugere um conjunto de alternativas quer sobre a oferta da água quer sobre a procura, no sentido de haver outras alternativas que não a construção de barragens”, passam por fatores como a “captação de mais e melhor investimento produtivo”, bem como pela “formação e incentivos à utilização das melhores práticas e tecnologias disponíveis para garantir a competitividade económica das explorações agrícolas, nomeadamente, a eficiência hídrica e as práticas agroecológicas”.

Estas medidas, defendem, “terão um custo muito inferior ao do Projeto Tejo e beneficiarão um número mais alargado de agricultores”, sendo que, “além de reduzirem as necessidades hídricas, aumentam a fertilidade do solo, favorecem a biodiversidade e reduzem o recurso a químicos de síntese e combustíveis fósseis, contribuindo no seu conjunto para a redução da poluição e das emissões de gases com efeito de estufa”.

No ‘Memorando Por um Tejo Livre’, o movimento alerta também “para os impactes ecológicos negativos provocados pelos novos açudes e barragens ao fragmentarem os únicos 120 quilómetros de rio Tejo livre”, frisando que “todos os objetivos traçados para o Projeto Tejo podem ser atingidos com investimentos em projetos alternativos que devem ser estudados e avaliados de modo a minorar os impactos negativos sobre o funcionamento dos ciclos ecológicos”.

 

 

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