Comunicado do Bloco de Esquerda reconhece que a oferta de transportes públicos é “muito deficiente no interior do país”, mas alerta que a “crise pandémica que vivemos veio arrasar com a oferta” existente. Ficam as preocupações com quem sempre continuou a ir trabalhar, com os que recomeçam agora a laborar e com os estudantes do 11.º e 12.º.
Para o Bloco de Esquerda do distrito de Viseu é sabido que no interior “praticamente não existe ferrovia e não existe uma rede pública de transporte coletivo” e as concessões que existiam na normalidade “não servem a maioria da população por estarem desadequadas à realidade, da mesma forma que o planeamento das cidades, vilas e aldeias também não têm em perspetiva a mobilidade do coletivo na sua conceção, na sua construção”.
Para estes dirigentes distritais, a “crise pandémica que vivemos veio arrasar com a oferta de transportes públicos no interior” deixando “a maior parte” dos concelhos “sem qualquer oferta” para “necessidades urgentes” e para “aqueles que mantiveram o país a funcionar, em todos os sectores da economia, aos quais chamamos heróis”.
Após o Estado de Emergência e durante o ‘desconfinamento’, os que regressam à rotina diária de trabalho, procuram trabalho ou serviços do estado, “deparam-se com uma realidade avassaladora” pois “a oferta continua tão má ou inexistente como em pleno Estado de Emergência”, segundo o Bloco de Esquerda.
Deixam alguns exemplos. Em Viseu, na concessão MUV, as linhas estão agora reduzidas, “na melhor das hipóteses”, a “dois horários em cada sentido durante o dia, havendo mesmo sentidos com apenas um horário, quando antes da pandemia algumas destas linhas chegavam a mais de duas dezenas em cada sentido”, acusando mesmo de, “em alguns casos”, haver uma “diminuição do tamanho dos veículos levando a casos de sobrelotação e inexistência de distanciamento” físico entre os utentes.
A situação entre concelhos no distrito de Viseu não está melhor, os horários “encontram-se muito reduzidos para as concessões da União de Sátão & Aguiar da Beira, Berrelhas e Marques (Barraqueiro), sendo que não há informação na Central de Camionagem de Viseu sobre qualquer horário para a linhas antes garantidas pela Transdev (antiga Guedes)”.
As preocupações destes dirigentes continuam, dando como exemplo dos utentes do Centro Hospitalar Tondela-Viseu que vivam fora do concelho de Viseu, como o caso de uma utente de São Pedro do Sul que não tem qualquer transporte, bem como os estudantes do 11.º e 12.º anos de escolaridade que em muitos casos “ainda não sabem como se vão deslocar”, dizendo que alguns municípios estão “a substituir os autocarros que serviam toda a população por carrinhas que apenas servem estes alunos”.
Bloco de Esquerda diz que “É preciso Agir com Urgência”
O Bloco de Esquerda do distrito de Viseu lançou por comunicado o alerta com a “exigência do restabelecimento urgente do transporte coletivo pré-pandemia e com a visão de melhorar todo sistema de forma a respeitar todas as medidas de contenção da propagação da Covid-19 que, numa perspetiva lógica, seria a de aumentar a oferta para concentrar menos pessoas em cada deslocação”.
Dizem que esta resposta é também urgente por mais duas ordens de razão, “como forma de responder à perda de rendimentos que poderá limitar a mobilidade de muitas pessoas que já estão a sofrer com a crise social consequente à crise pandémica” e “de forma central para a humanidade” na construção de uma “rede pública de transporte coletivo que seja eficiente e disponível para ser uma verdadeira alternativa, respondendo assim à Crise Climática e à transição necessária para garantir o futuro das gerações mais novas e do planeta.”
Escolas Preocupadas com Falta de Transporte
Segundo reportagem do Jornal de Notícias de hoje, a Associação Nacional de Dirigente Escolares e a Associação dos Diretores das Escolas Públicas, relatam a incerteza sobre o transporte escolar. “Há empresas que quase não têm autocarros na rua. As câmaras estão a negociar com os operadores para retomar o transporte escolar, mas, em alguns casos, está a ser difícil” alerta Manuel Pereira, da primeira associação, sendo que Filinto Lima, da segunda, apela aos municípios para garantirem “transporte escolar, pelo menos quatro vezes ao dia, evitando que os alunos tenham de passar todo o dia nas escolas.”
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