Olivença quer classificar a língua portuguesa como Bem de Interesse Cultural

Foto de danielfigfoz | Flickr
A língua portuguesa já se ensina a crianças a partir dos dois anos e decorre um projeto sobre a memória junto dos oliventinos mais velhos.

Eduardo Machado é professor de português em Olivença e vinca que o município se recusa a esquecer os cinco séculos de história em território português, de acordo com a TSF. O professor admite que a língua é o aspeto mais imaterial do cruzamento de culturas, mesmo com o declinar do português neste território espanhol fronteiriço.

Apesar da língua portuguesa ser o idioma natural dos mais velhos em Olivença, nas décadas de 50 e 60 do século passado todo o mundo rural começou a falar castelhano com os filhos, que viriam a perder o contacto com o português.

O professor refere que “a elite mais poderosa da sociedade, constituída pela administração, Igreja e escola, falava o espanhol e o mundo rural percebeu que o português não era a língua do futuro e que a língua «rica» era o espanhol”.

Eduardo Machado não tem nenhum problema em assumir que o “maior erro” cometido pelos oliventinos foi ter deixado de falar português com os filhos. Isto levou os jovens a perderem o interesse pelo “Português Oliventino”, tal como o denomina.

“Já temos aulas de português para crianças logo a partir dos dois anos e estamos com um projeto de recuperação com os próprios lares de idosos, onde se pretende trabalhar os aspetos cognitivos das pessoas, mas, através das memórias, estamos a fazer uma recolha de dados para os podermos trabalhar”, revelou o professor no âmbito das comemorações do 10 de junho organizadas pela Universidade Popular de Olivença.

O município espanhol juntou-se a estas comemorações e anunciou que vai apresentar um projeto ao governo regional da Extremadura com o objetivo de classificar a língua portuguesa como Bem de Interesse Cultural.

Eduardo Machado diz que “a diferença entre o português de Olivença e português em Olivença deve ficar bem explícita”, acrescentando que “a classificação é muito importante, não como um fim, mas como um meio. Sabemos que é um português que está em declínio, mas que pode ter influência no desenvolvimento de Olivença, como um valor turístico e económico”.

Olivença é o único concelho espanhol onde para ter nacionalidade portuguesa basta ter nascido neste município. Cerca de 1300 oliventinos já pediram a dupla nacionalidade.


Notícia publicada no Esquerda.Net

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