Em comunicado da Rewilding Portugal, citado pela Rádio Cova da Beira, esta espécie de abutre está ameaçada em Portugal e por isso é uma “excelente notícia” a existências destas duas colónias de cerca de 40 casais no Parque Natural do Tejo Internacional e no Alentejo.
Era conhecida a existência desta espécie apenas no Parque Natural do Douro Internacional com dois casais e mais um casal na Reserva Natural da Serra da Malcata que segundo cita a Rádio Cova da Beira foi confirmado pelo ICNF sucesso reprodutor deste casal no verão deste ano.
Segundo a Rewilding Portugal “A descoberta de mais casais coloca a Reserva da Malcata como o terceiro maior núcleo reprodutor de abutre-preto em Portugal”.
Foram para já descobertos três ninhos, não se excluindo a possibilidade de ainda existirem mais casais nesta colónia. Segundo a Rewilding “Os esforços de monitorização vão continuar nos próximos meses”, sendo que, “a descoberta dos ninhos foi possível graças ao seguimento dos movimentos de um juvenil que foi marcado pela Rewilding Portugal com emissor GPS/GSM no dia 26 de novembro, em colaboração com o CIBIO. O seguimento dos movimentos deste juvenil permitiu à equipa da Rewilding Portugal descobrir o primeiro dos três ninhos onde o juvenil, nascido na Reserva, ainda coabita com os seus progenitores. No segundo ninho, observou-se ainda outro juvenil e no terceiro um casal”.
“O foco do trabalho realizado pela Rewilding Portugal é conseguir mais informação sobre a sua ecologia espacial e alimentar e, em particular, como utilizam o habitat, as áreas protegidas e Rede Natura 2000 e os recursos alimentares no Grande Vale do Côa e qual o impacto das ações de renaturalização desenvolvidas pela organização, por exemplo a promoção de condições para o aumento do número de herbívoros silvestres, introdução de cavalos semisselvagens e promoção do licenciamento de Áreas Privadas de Alimentação de Aves Necrófagas, onde cadáveres de ruminantes ficam disponíveis para os abutres em explorações pecuárias, ao invés de ser enterrados ou recolhidos (prevista no PACAN – Plano de ação para a conservação de aves necrófagas, aprovado em agosto de 2019)”, salientam. A marcação que tem sido levada a cabo dos abutres-pretos com emissor GPS/GSM permite que haja mais informação sobre a espécie.
Esta iniciativa contempla outras aves necrófagas como grifo (Gyps fulvus). A Rewilding Portugal em colaboração com o CIBIO e financiado pela fundação ARCADIA no âmbito do Endangered Landscapes Programme, pretende recuperar aves necrófagas, atividade sob a coordenação da Rewilding Europe.
As aves necrófagas “São o último elo das cadeias alimentares, e uma peça fundamental num ecossistema saudável”, salientam, pois desempenham um papel de reciclagem da matéria morta.
