Santander distribui dividendos ao mesmo tempo que reduz número de trabalhadores

Foto por Eduardo P, CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Commons
O banco terminou 2020 com menos 208 trabalhadores e menos 62 agências do que no ano anterior. Agora anuncia dois planos formais para reduzir ainda mais o número de trabalhadores e de balcões, ao mesmo tempo que se prepara para distribuir dividendos. Por Esquerda.net

Num comunicado interno citado pelo Jornal de Negócios, o Santander Totta refere que “a atual fase de transformação do banco tem vindo a implicar a apresentação a diversos colaboradores de propostas de reforma e/ou de acordos de revogação do contrato de trabalho”. Acrescenta ainda que serão privilegiadas “sempre que possível as aceitações voluntárias, tendo em consideração o contexto individual de cada colaborador e o contexto coletivo dos tempos atuais”. Mas alerta logo a seguir para o “contexto transformacional que todo o setor bancário a nível europeu e, necessariamente, também Portugal, atravessará neste e nos próximos exercícios”.

A comissão executiva do banco anuncia que “aprovou dois planos (…) que consistem num esforço renovado de permitir a concretização de saídas por mútuo acordo, mantendo condições muito acima daquelas que possam resultar da ação de processos unilaterais”.

O primeiro plano abrange os trabalhadores com 55 ou mais anos de idade, a quem serão apresentadas propostas de reforma ou de rescisão por mútuo acordo (RMA). “A realidade individual de cada colaborador implicará que, para alguns, apenas seja possível concretizar um acordo de reforma, para outros um acordo de RMA e para outros, finalmente, uma alternativa entre um acordo de reforma e de RMA”, lê-se no documento.

Já o segundo plano prevê “redimensionar” a rede de balcões do Santander e é destinado aos trabalhadores integrados em balcões que foram alvo de fusões ou de alteração do “layout”.

“O banco tem vindo a implementar o redimensionamento parcial da sua rede de balcões, através de fusões e alteração do ‘layout’ de diversos balcões, o que tem provocado uma redundância inevitável de postos de trabalho, que levou o banco a desencadear contactos com os titulares daqueles postos de trabalho”, avança o Santander.

Ao mesmo tempo que despede trabalhadores, fonte oficial do banco confirmou ao Negócios que, em relação a Portugal, a sua intenção é pagar dividendos: “Assim o faremos, de acordo com os limites definidos pelos reguladores”.

Em 2020, o Santander amealhou lucros de 295,6 milhões de euros, o que lhe permite “distribuir até cerca de 44 milhões de euros.

O que está em causa é um “processo unilateral de reestruturação”

Os sindicatos de trabalhadores do setor bancário e a comissão de trabalhadores do Santander já tinham exigido à administração do banco a “imediata suspensão de todos os processos de rescisão por mútuo acordo e de encerramento de balcões e serviços durante a pandemia”.

As organizações representativas de trabalhadores frisaram que o que está verdadeiramente em causa é um “processo unilateral de reestruturação” e denunciaram um clima de “pressão que pode, em certas circunstâncias, configurar assédio (o que é proibido por lei)”.

 

Publicado por Esquerda.net a 5 de março de 2021

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