“É sabido que as igrejas são mais do que lugares de culto. Tantas vezes, ao longo da história e em diferentes partes do mundo, foram refúgio de quem não tinha outro abrigo. De quem, como os timorenses que lutavam contra a ocupação, encontrou nas igrejas um lugar de proteção e de resistência contra a opressão. De quem, como os sem-papéis e os sem-direitos, as ocupou e as tornou ponto cardeal de um movimento, como aconteceu com os imigrantes indocumentados em Paris ou as prostitutas em Lyon. De quem, como os peregrinos que percorrem quilómetros e quilómetros a pé ou de bicicleta, busca nelas a meta de um caminho percorrido que é, afinal, acima de tudo, uma viagem interior. De quem, como os viajantes que precisam de repousar, encontra nas Igrejas enclaves ao arrepio das cidades-mercadoria, portas abertas sem consumo obrigatório.”

Desse “encontro inesperado e feliz”, da “surpresa e dos afetos que ela desencadeou” que nasceu o EP sr. jorge, “exercício generoso de troca e de diálogo criativo entre universos artísticos que, frequentemente, estão condenados a viverem separados”.
Para José Soeiro, “Sr. Jorge é um exemplo. Exemplo de que a expressão artística não é monopólio de especialistas e de profissionais, mas antes a necessidade e a capacidade que todos temos (até os artistas!) de comunicarmos através dos sentidos. Exemplo de que a música toca em lugares da nossa emoção sensível que a transformam num território que une, muito para lá das fronteiras rígidas dos estilos, das gerações e das proveniências sociais”.
E.P. será editado a 9 de abril
‘Palhaço’, ‘Cobertor’, ‘Tempo’, ‘Lembro-me de ti’ e ‘Noite’ são os temas que vão fazer parte deste E.P. (abreviatura de Extended Play, formato grande para um ‘Single’, pequeno para um Álbum) que junta “ambientes sonoros contemporâneos” à “voz vivida e emocionada do Sr. Jorge”.
Para José Soeiro “uma espécie de lamento musicado sobre um passado que já foi, sobre um presente de saudade e de desencanto, sobre o envelhecimento e a perda, as alegrias e as tristezas, a memória das gargalhadas, dos desesperos e das paixões”.
“Temos o amor – e sempre, implacável, o tempo. Temos, acima de tudo, o efeito de múltiplos e fecundos encontros cujo resultado agora se oferece à nossa fruição. Só temos de agradecer e aproveitar”, termina.
O ‘Single’ chama-se ‘Cobertor’ e já tem videoclipe

“Por vezes, um amor é tão profundo que, para conforto do outro, consegue conter a urgência de repreender. É deste e de outros sentimentos que nos fala o “Cobertor”. Que muitas vozes cantem no seu aconchego.”

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