Foram exumados, na zona do castelo de Miranda do Douro, sete esqueletos de indivíduos que terão ali morrido em 1762 no início da Guerra do Mirandum, quando tropas espanholas fizeram explodir um paiol, causando um incêndio de grandes dimensões.
Segundo notícia da Rádio Brigantia, nesta explosão, que destruiu grande parte do castelo e das muralhas, morreram mais de 400 pessoas. A descoberta foi feita no âmbito de um projeto de requalificação e recuperação da Antiga Rua do Castelo do município. Os trabalhos foram iniciados em julho, com sondagens arqueológicas, e já colocaram a descoberto algumas estruturas, incluindo partes da muralha.
A explosão em causa deu origem à Guerra do Mirandum e, segundo explicou António Pereira à Brigantia, responsável da empresa de arqueologia que acompanha a empreitada, a descoberta permite conhecer melhor este episódio da História.
“Neste momento, está em curso, desde Julho/Agosto, o acompanhamento arqueológico da empreitada. No âmbito desse acompanhamento foram detectados esses enterramentos e foram exumados sete indivíduos: três crianças e quatro adultos. Pela forma como estavam enterrados, porque não tinham organização, estavam sobrepostos e pelos materiais a que estavam associados, podem corresponder à Guerra dos Sete Anos, que está muito presente na memória dos mirandeses”, contou António Pereira.
O arqueólogo explicou ainda à Brigantia que o achado não é uma surpresa. “Nomeadamente em centros históricos, estamos habituados a que isto aconteça todos os dias, não com este tipo de estruturas, mas quando partimos para a intervenção de sondagens de diagnóstico, em Junho do ano passado, já tínhamos ideia de que iríamos apanhar algumas estruturas”.
A Guerra do Mirandum, que ocorreu de maio a novembro de 1762, foi a participação de Portugal na Guerra dos Sete Anos. Teve início quando um exército franco-espanhol invadiu Portugal pela fronteira de Trás-os-Montes, conquistando Miranda, Bragança e Chaves.