Bloco de Esquerda de Viseu defende criação de um espaço para associações, movimentos e coletivos dedicados à defesa dos Direitos Humanos. Propõe atribuir o nome de Beatriz Pinheiro, mulher viseense, feminista, escritora, professora e republicana, à Casa da Cidadania.
“Continuam a existir preconceitos enraizados. Nem todas as pessoas têm as mesmas oportunidades, liberdade e tratamento digno, na sociedade e nas instituições do concelho de Viseu. As mulheres, as pessoas LGBTI+, as pessoas imigrantes, afrodescendentes, ciganas, asiáticas e de outras comunidades racializadas são ainda privadas dos seus direitos fundamentais”, analisa o Bloco de Viseu em comunicado, defendendo que “por isso é importante a defesa intransigente dos Direitos Humanos!”
Responsabilidade que, no entender do partido, também é responsabilidade das Câmaras Municipais e das Freguesias que, enquanto órgãos de proximidade, “podem fazer toda a diferença, nomeadamente através do apoio às iniciativas e às associações, movimentos e coletivos vocacionados para a defesa dos Direitos Humanos, criando condições para uma cidadania ativa.”
É neste seguimento que é feita a proposta de criação de um “espaço público e aberto a todas as pessoas para a cidadania, que albergue um conjunto de associações de Direitos Humanos (UMAR, Akto, SOS Racismo, Amnistia Internacional, Olho Vivo, por exemplo). Um espaço que deve ser autónomo e dinamizado pelas próprias associações lá presentes.”
“Um espaço que também deve servir como gabinete do município de atendimento, apoio e encaminhamento das vítimas de violência doméstica, das vítimas de violência LGBTI+ e das vítimas de discriminação de pessoas afrodescendentes, ciganas e de qualquer outra comunidade racializada” e que deveria ainda estar equipado com um auditório.
Casa da Cidadania Beatriz Pinheiro: homenagem a uma mulher viseense, feminista, escritora, professora e republicana
Beatriz Pinheiro foi uma pioneira do movimento moderno de emancipação feminina em Portugal. Nascida em 1871, defendia causas como o direito das mulheres ao trabalho remunerado, ao salário justo, à educação e ao ensino. Acreditava e lutava por uma sociedade mais justa, foi republicana, feminista, pedagoga, escritora, professora, pacifista, membro da Liga Portuguesa da Paz e da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas.
Faleceu aos 50 anos, em Lisboa. Foi injustamente esquecida, sobretudo em Viseu, onde o seu nome não está ainda inscrito no espaço público. A 26 de abril de 1923, alguns meses após a sua morte, o nome de Beatriz Pinheiro foi proposto, em sessão ordinária da Câmara Municipal de Viseu, para uma rua.
Quase 98 anos depois, a merecida homenagem continua por concretizar, mesmo após a representante do Bloco de Esquerda na Assembleia de Freguesia de Viseu ter apresentado uma proposta, aceite por unanimidade, para atribuição do nome de Beatriz Pinheiro a uma rua. Mais de um ano decorrido, ainda não há placa na rua. Importa não deixar o assunto cair em esquecimento, prestando a merecida homenagem a Beatriz Pinheiro.