Viseu: “É possível e importante impor tetos máximos às rendas”

Iniciativa percorreu o centro histórico de Viseu para identificar imóveis devolutos, numa ação simbólica que contou com a presença do ativista Vasco Barata.
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Foto Interior do Avesso

A ação de sensibilização pelo direito à habitação, levada a cabo pelo Bloco de Esquerda esta terça-feira, no centro histórico de Viseu, consistiu na colagem de cartazes em casas abandonadas ou degradadas com mensagens como “aqui podia morar gente”, “tanta gente sem casa, tanta casa sem gente”.

Juntamente com José Miguel Lopes, cabeça de lista do círculo eleitoral de Viseu do Bloco de Esquerda, esteve também o ativista Vasco Barata, porta-voz da Chão das Lutas – Associação pelo Direito à Habitação.

Para o ativista, esta é “a realidade da maior parte das nossas cidades em Portugal e Viseu não foge à regra.” 

Durante a caminhada foi possível identificar os imóveis devolutos que podiam “servir para que as pessoas pudessem imediatamente ocupar e viver na cidade, vivendo no centro da cidade, não sendo empurradas constantemente para fora dos centros urbanos.”, afirma Vasco Barata.

O ativista diz ser necessário uma política pública de habitação, que Portugal esqueceu desde o 25 de Abril de 1974. “Criamos os serviços públicos de que tanto nos orgulhamos como a escola pública, a segurança social, o SNS, mas infelizmente esquecemos aquilo que é o primeiro direito essencial, que é as pessoas saberem que podem contar com uma casa onde viver (…). Dia 10 de março é necessário votar com a lembrança das grandes manifestações que houve em Portugal pelo direito à habitação e fazer com que o voto seja por mais políticas de habitação, de controlo de rendas, para colocar os imóveis ao serviço das pessoas e que a nossa economia não seja só virada para o turismo, mas sim que seja focada nas pessoas que trabalham e que vivem as cidades, nos centros das mesmas.”

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Ação de sensibilização pelo direito à habitação, em Viseu. Foto Interior do Avesso

Também Miguel Lopes reforçou que a crise da habitação não é exclusiva às duas grandes cidades de Portugal e que entre 2018 e 2022, “as rendas em Viseu aumentaram 54% nos novos contratos”, e que entre 2022 e 2023, “os aumentos das taxas de juro afogaram muitas pessoas que pagam os seus empréstimos com tremenda dificuldade neste momento (…). A generalidade do distrito não passa dos 2% de habitação pública, que é aliás a média nacional, a milhas da média europeia que é 12%”.

Lembra ainda que há aumentos consideráveis e que falta oferta um pouco por todo o distrito e “é importante notar que existem em Viseu mais habitações vazias do que habitações públicas ou cooperativas, cinco vezes mais. As habitações vazias em Viseu são mais de 3400 e isso não conta com as habitações degradadas que hoje podemos visitar. É importante uma ação pública para construir mais habitação pública e para recuperar a que já existe.”

O candidato do Bloco de Viseu insiste na urgência em mais políticas públicas para habitação, diz ser “possível e importante impor tetos máximos às rendas, por tipologia e por área”, propondo ainda que se baixe “as taxas de juro através da Caixa Geral de Depósitos e dedicar 25% da nova construção a custos controlados.”

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