A COVID-19 serviu a vontade política, de há muito tempo, para encerrar este serviço que não se destinava apenas à população do concelho de Mangualde, cerca de 19 mil, mas também aos habitantes dos concelhos limítrofes e às muitas pessoas que trabalham na indústria ali instalada. Um serviço que evitava a corrida de muita gente às urgências do Centro Hospitalar Tondela-Viseu e que se encontrava num edifício que permitiria evoluir a sua oferta na prestação de serviços de saúde.
Não houve coragem política para assumir esta extinção, havendo mesmo mentiras e anúncios de desinformação pelo caminho, esvaziando cada vez mais a região da resposta do SNS que tanto fez por nós durante a pandemia.
Em 2021 o então presidente da Câmara Municipal de Mangualde, Elísio Oliveira, sucessor de João Azevedo, acompanhado pelo então presidente da Junta de Freguesia de Mangualde e atual Presidente do executivo municipal, Marco Almeida, todos eleitos pelo Partido Socialista, anunciaram o alargamento dos horários das Unidades de Saúde Familiar ali existentes até às 22 horas nos dias úteis e durante as manhãs de sábados e feriados até às 15 horas. Este anúncio, que foi amplamente divulgado pelo município como um primeiro passo pela restituição do SAP, não passava de um embuste.
O alargamento não se tratava de atendimento à população em geral, das consultas programadas ou de situações de urgência, mas sim uma medida no âmbito da resposta à Covid-19, para dividir o atendimento a doenças respiratórias.
Desse anúncio e medida, não vieram os passos seguintes nem mesmo o alargamento dos atendimentos das USF de Terras de Azurara e USF de Mangualde, não havendo, neste momento, atendimento aos feriados, após as 20 horas nos dias úteis e nos sábados depois das 13 horas. O último SAP do ACES Dão Lafões, teve assim o seu encerramento diluído na confusão pandémica, cumprindo o objetivo que se temia há muito.
De tanta vontade política para estar ao lado da população na exigência da reabertura deste serviço, tendo o atual executivo municipal do PS uma confortável maioria absoluta, à qual se junta a confortável maioria absoluta do seu partido na Assembleia da República, não estão encontradas as condições políticas para este serviço reabrir como prometido? Ou é este conforto absoluto que está a impedir que não se perpetue mais um encerramento no interior de Portugal?
Artigo publicado no Jornal do Centro a 25 de Agosto