Os vice-presidentes do conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) consideram o benefício de 104 mil pipas para produção de vinho do Porto o “possível” e acusam o Governo de se demarcar “da sua responsabilidade social”.
“O Estado não cumpriu com o seu papel, demarcou-se da responsabilidade social que tem e achamos que nós, produção e comércio, tínhamos que substituir [o Estado] sob pena de o tecido primário ficar muito mau”, sublinhou à Lusa António Saraiva, vice-presidente do conselho interprofissional e responsável pela Associação das Empresas de Vinho do Porto.
Os vice-presidentes do conselho interprofissional do IVDP propunham uma nova reserva qualitativa, à semelhança do que aconteceu em 2020, mas que atingisse metade do valor, ou seja 2,5 milhões de euros (cinco mil pipas de 550 litros cada).
Porém, o Ministério da Agricultura adiantou na quarta-feira à agência Lusa que o mecanismo de reserva qualitativa “não tem condições para ser renovado” em 2021, apontando como justificação “um aumento significativo das exportações” no primeiro trimestre.
O conselho interprofissional do IVDP decidiu ontem que o Douro vai transformar um total de 104.000 pipas (550 litros cada) de mosto em Vinho do Porto nesta vindima, o que equivale a um aumento de duas mil pipas face ao ano passado. Para António Saraiva, estes números representam “um esforço muito grande” perante uma “capacidade de venda já excedentária”.
Também António Lencastre, vice-presidente do conselho interprofissional e presidente da Federação Renovação do Douro, apontou que “é em alturas de dificuldade que os dinheiros devem servir”, acrescentando que a posição do Governo “é uma desilusão em relação ao que pretendíamos”.