Quebra de cerca de 6% na produção de vinho do Porto

Cave de Vinho do Porto
Cave de Vinho do Porto
Foto por Jairo | Flickr
Conselho interprofissional do IVDP decidiu transformar um total de 102 mil pipas de mosto em vinho do Porto na vindima de 2020, valor que inclui uma reserva qualitativa de 10 mil pipas. Uma quebra de cerca de 6% face a 2019, que poderia ser de cerca de 15% sem a reserva qualitativa.

“O quantitativo total foi fixado em 102 mil pipas de benefício. Significa isto que há 92 mil pipas de mosto a beneficiar que decorrem da programação normal de vindima, mais as 10 mil pipas que, no fundo, são suportadas pelo reforço dos 5 milhões de euros que o Governo disponibilizou para a Região Demarcada do Douro”, afirmou o presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), Gilberto Igrejas, ao Diário de Trás-os-Montes.

O benefício é a quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar da colheita da vindima à produção de vinho do Porto, uma importante fonte de receita dos produtores do Douro. De acordo com as previsões da Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), a expectativa de colheita para a vindima de 2020 fica entre as 198 mil e as 224 mil pipas de vinho.

A quantidade estipulada de vinho do Porto sofre uma redução de 6 mil pipas relativamente a 2019, justificada pelas quebras de vendas ocorridas no mercado nacional e internacional devido à pandemia da covid-19.

Do total fixado, se não considerarmos a reserva qualitativa, verificar-se-ia uma redução de 16 mil pipas. A reserva qualitativa refere-se a vinho que vai ficar armazenado, e que será, após 3 anos, introduzido de forma faseada no mercado, ao longo dos próximos 10 anos. Esta reserva será assegurada pelos 5 milhões de euros provenientes dos saldos de gerência do IVDP, um apoio anunciado recentemente pela Ministra da Agricultura.

Gilberto Igrejas referiu ao Diário de Trás-os-Montes que o valor “não foi consensual”, sublinhando que o seu objetivo era, “sobretudo, que o rendimento dos agricultores, especialmente dos viticultores, ficasse assegurado”. O que é confirmado por Pedro Garcias no Público, que diz que “Gilberto Igrejas lutou desde o início pela manutenção do mesmo nível de rendimentos dos viticultores face à vindima anterior.”

Embora, devido à crise pandémica e à redução de vendas de vinho, se temesse uma quebra mais significativa no benefício para a vindima de 2020, Pedro Garcias, jornalista e produtor no Douro, considera que “se as empresas de vinho do Porto não pensassem tanto nos seus interesses particulares e tivessem um pouco mais de empatia com a perda constante de rendimento por parte dos viticultores, teria sido possível chegar a um acordo ainda melhor para esta vindima. Uma quebra de 6 mil pipas até é aceitável no contexto actual, mas é bom sublinhar que, sem a reserva qualitativa de 10 mil pipas, a quebra seria de 16 mil pipas.”

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