As candidaturas do Bloco de Esquerda pelos círculos da Guarda, Castelo Branco e Viseu, acompanhadas pelo líder parlamentar Fabian Figueiredo, participaram este fim de semana numa ação de libertação de um milhafre recuperado no CERVAS (Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens), em Gouveia. A ação simbólica, que devolveu a ave de rapina à natureza, vem reforçar o compromisso do partido com a proteção da biodiversidade e a conservação do Parque Natural da Serra da Estrela.
O CERVAS, estrutura fundamental na recuperação de animais selvagens e na sensibilização ambiental, representa exatamente o tipo de iniciativas que o partido defende para um desenvolvimento sustentável no interior do país. De igual modo, o Bloco entende que são necessárias políticas integradas para a Serra da Estrela que combatam eficazmente os incêndios florestais e promovam um desenvolvimento equilibrado da região.

No mesmo dia, o partido promoveu na Casa da Torre, em Gouveia, a conversa aberta “Grandes Guardiões da Paisagem: Pensar o Futuro da Serra da Estrela”, organizada conjuntamente pelas candidaturas do Bloco de Esquerda da Guarda, Castelo Branco e Viseu. A iniciativa contou com a presença do líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, bem como de Beatriz Realinho, cabeça de lista pelo distrito da Guarda, Inês Antunes, cabeça de lista por Castelo Branco, e David Santos, cabeça de lista por Viseu.
O encontro, que reuniu associações, agentes locais e população, abordou os principais desafios do território, desde a gestão florestal, a prevenção de incêndios e o futuro do Parque Natural da Serra da Estrela, até ao desenvolvimento sustentável do interior e à criação de emprego qualificado.
“Os políticos querem mostrar uma ideia de desenvolvimento, de construção de estradas, que isto vai atrair pessoas. Mas não se fala do que já existe naturalmente, nem se mostra este lado. Penso que passa por fomentar a ignorância em relação ao património natural e às funções realmente benéficas que este tem para a população. Acredito que este é também o desafio. Levar outra informação, outra perspetiva, para além daquela do chamado desenvolvimento de construção”, afirmou a enfermeira veterinária Daniela Costa.

“O problema está mesmo no modelo de desenvolvimento. Olhemos, então, para as mega infraestruturas turísticas que se está a promover no Gerês, no sudeste alentejano, no Algarve e que se quer promover aqui na Serra da Estrela. Que tipo de emprego é que estas empresas criam? Quais são os salários destes trabalhadores? É o salário mínimo. A economia local melhora? Não. Mas nós podemos olhar para os projetos turísticos que combinam a preservação, a educação ambiental e o retorno que geram. A ideia de que a área protegida constitui um empecilho ao desenvolvimento económico é errada”, assinalou o deputado Fabian Figueiredo.
“Enquanto biólogo, sinto que o conceito de revitalização não deve ser este, que aposta muito na construção, mas não é isso que diferencia a Serra da Estrela. O que verdadeiramente a diferencia é todo o património natural e geológico, todas as características que são intrínsecas ao território e únicas daqui. É isso que verdadeiramente diferencia a Serra, não é todo o conjunto de explorações que podem até trazer as pessoas até cá, mas tudo numa lógica de curto prazo”, observou Manuel Malva, gestor ambiental e cofundador da Milvoz (Associação de Proteção e Conservação da Natureza).

Segundo o deputado Fabian Figueiredo, “o que estamos a fazer no Alentejo com a agricultura intensiva, o que se está a fazer em toda a costa do país com megaprojetos imobiliários ou no interior do país com com vastas zonas a serem ocupadas por mega centrais fotovoltaicas e eólicas, não é desenvolvimento económico. É só um truque. Porque o desenvolvimento económico permite à população poder viver onde cresceu ou onde quer viver, é criar emprego qualificado e essa riqueza ser distribuída. E estes megaempreendimentos não o fazem. Para isso, nós precisamos de promover outras formas de olhar para o território. Este é também o nosso compromisso. Nós olhamos para as áreas protegidas como uma forma essencial de fixar a população. É possível introduzir uma cadeia de valor. Não faz falta nenhum resort na Serra da Estrela. É possível criar as sinergias certas para criar empregos.”