No projeto, o Bloco considera errada a decisão do Governo de excluir as obras no troço Vale de Santarém – Entroncamento do plano nacional de investimentos e aponta que é um retrocesso na resposta às desigualdades territoriais. Utentes da Linha da Beira Baixa também beneficiariam com esta requalificação.
Em 18 de novembro do ano passado, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, reuniu com os presidentes da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) para discutir o Plano Nacional de Investimentos (PNI) para a região e anunciou que o Governo não pretende realizar a variante à Linha do Norte no troço Vale de Santarém – Entroncamento. Pedro Ferreira, presidente da CIMLT, declarou que os presidentes da comunidade intermunicipal não concordam com a decisão governamental e que irão continuar a lutar pela requalificação. À saída da reunião, o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, lamentou que o poder central se esqueça da Região das Lezírias no PNI2030.
Esta segunda-feira, o Bloco de Esquerda apresentou um projeto de resolução pela requalificação do troço Vale de Santarém – Entroncamento da Linha do Norte, incluindo a variante em Santarém.
No documento, considera-se que a requalificação do troço é um “projeto fundamental para a Linha do Norte e estruturante no contexto da Rede Ferroviária Nacional”. “A intensidade das deslocações de passageiros e mercadorias entre a Região das Lezírias – com especial significado no Entroncamento, Santarém, Tomar, Azambuja, Vila Franca – e a Área Metropolitana de Lisboa, reforçam a necessidade de um transporte ferroviário mais resiliente nos troços de maior afluência”, sublinha o texto.
No projeto de resolução, o Bloco considera que a decisão do Governo é errada e adia “um projeto essencial para as populações, incluindo do interior, o desenvolvimento económico sustentável e o combate às alterações climáticas”. O texto salienta ainda que propõe também “a mudança de traçado junto à cidade de Santarém, retirando a linha que segue junto ao rio Tejo, considerando os riscos que comporta para as populações do Vale e da Ribeira de Santarém que moram junto à linha de comboio”.
O Bloco propõe ainda que a requalificação seja incluída no PNI2030, mesmo que o Governo opte por uma nova linha de Alta Velocidade, pois “a Linha do Norte continuará a ter uma importância central para a Rede Ferroviária Nacional e para a rede TransEuropeia de Transportes (RTE-T), que integra”.
A concluir, o documento destaca que “o investimento na ferrovia é um dos desígnios mais importantes para o país, seja pelos ganhos ambientais claros, seja pelas vantagens para a saúde pública e qualidade de vida das populações”, que nenhum território deve ser deixado para trás e que “deve ser dada prioridade aos locais que mais dificuldades apresentam atualmente (…), por forma a responder efetivamente aos problemas de coesão territorial e desertificação do interior”.
Texto adaptado do esquerda.net.
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