Situado em Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal, este palacete continua à espera de obras de requalificação e musealização apesar da conclusão deste projeto ter estado prevista para 2018. A primeira fase de intervenções, ao nível das paredes exteriores e cobertura, foram feitas em 2014, mas desde essa data nada mais avançou.
Em 2017, a Direcção Geral de Cultura do Centro anunciou o projeto vencedor para a requalificação e musealização da Casa do Passal, elaborado pelo gabinete de arquitetos do Porto “Rosmaninho & Azevedo Arquitetos”. Nesse mesmo ano, o então Ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, assinou os documentos que definem a cooperação entre a Fundação Aristides de Sousa Mendes, a Câmara de Carregal do Sal e a Direção Regional de Cultura do Centro para a segunda fase das obras na Casa do Passal.
O Bloco de Esquerda constatou esta realidade aquando de uma recente visita à Casa do Passal, o que deu origem a uma pergunta ao Governo que questiona porque motivo não avançaram ainda as obras prevista no protocolo assinado pelo então Ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, e qual a previsão de início da segunda fase de intervenção.
A “Casa do Passal” trata-se de um palacete cuja arquitetura, de inspiração francesa, se insere no gosto das beaux-arts do segundo império, estilo característico dos finais do século XIX e que se destaca não só pelo ecletismo da arquitetura e pela imponência da fachada principal, mas principalmente pela memória do cônsul que a habitou e sacrificou os interesses pessoais em prol dos refugiados do holocausto. A relevância deste imóvel a nível nacional, não se restringe ao valor arquitetónico, mas também e acima de tudo ao valor histórico-social, que faz deste monumento um lugar de memória, justificando-se, assim, a sua integral salvaguarda.
Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches, mais conhecido como Aristides de Sousa Mendes, nasceu no dia 19 de julho de 1885 em Cabanas de Viriato, no distrito de Viseu, na Casa do Passal. Aos 22 anos, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra.
Em 1910, tornou-se cônsul de Demerara na Guiana britânica. Exerceu funções diplomáticas também em Zanzibar, no Brasil (Curitiba e Porto Alegre), nos Estados Unidos (São Francisco e Boston), em Espanha (Vigo), no Luxemburgo, na Bélgica e, por último, em França (Bordéus).
A sua carreira diplomática foi abruptamente interrompida quando foi levado à aposentação forçada pelo governo de Salazar, por ter ajudado milhares de refugiados e refugiadas a fugir, aquando da II Guerra.
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