Sete meses depois do início da pandemia, a procura por consultas de psiquiatria tem vindo a registar um “aumento progressivo” no Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental, do Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira (CHUCB). Setembro registou o “valor mais alto” de pedidos de acompanhamento.
Mesmo sem conseguir uma medida exata do impacto da pandemia na saúde mental da população, os especialistas não duvidam de que o que está a acontecer à escala global nos irá afetar a cada um de forma particular. Segundo notícia do Jornal do Fundão (JF), já é possível observar isso no CHUCB.
“A partir de julho de 2020, verificou-se um aumento progressivo dos pedidos de consultas de Psiquiatria, com setembro a registar o valor mais alto do número de pedidos de acompanhamento”, referiu Paula Correia, diretora do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do CHUCB, ao JF.
Para Silvina Fontes, diretora do Serviço de Psiquiatria, “o medo que as pessoas estão a sentir, quer da doença, quer das dificuldades económicas que estão a ter ou poderão vir a ter, terá seguramente um impacto negativo na saúde mental”, afirmou, acrescentando que “atualmente, já se começa a ver um ligeiro incremento da patologia ansiosa”, mas que “o pior ainda estará para vir.”
No Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do CHUCB, que atende todos os géneros e faixas etárias, prevalecem utentes idosos, porque se trata de uma região com a população envelhecida, e jovens “devido ao facto da Covilhã ser uma cidade universitária”, explicou Silvina Fontes ao JF.
O corpo clínico do Departamento é neste momento constituído por seis especialistas, o que é “insuficiente” para as necessidades, mesmo tendo chegado mais uma psiquiatra esta semana. Silvina Fontes espera que todo o esforço que os profissionais de saúde estão a fazer seja “reconhecido pela sociedade e por aqueles que a governam”.
João Casteleiro, diretor do CHUCB, sublinhou ao JF o importante papel do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental. “Tem um trabalho fundamental no contexto hospitalar e ainda mais relevante no atual contexto pandémico, porque estamos todos debaixo de stress, o que explica uma maior procura.”