Os emblemáticos Caretos de Podence, originários da aldeia de Podence, no concelho de Macedo de Cavaleiros, foram declarados Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO a 12 de Dezembro de 2019.
A tradição ancestral e profana do Carnaval na aldeia de Podence destaca-se pela forte adesão e participação da comunidade, que tem assim conseguido preservar a tradição durante séculos.
A ancestralidade e a importância atual da tradição nos eventos culturais da região foram dois motivos determinantes para que a UNESCO classificasse o Carnaval de Podence como Património Imaterial da Humanidade.
Durante o Carnaval, ano após ano, os Caretos, figuras diabólicas e misteriosas, que consistem em rapazes mascarados com trajes de franjas coloridas, caras de nariz pontiagudo feitas de lata ou couro e chocalhos à cintura, percorrem as ruas da aldeia fazendo barulho e “chocalhando” quem passa, particularmente raparigas.
A origem da tradição estará associada à ideia da figura do “diabo à solta”, representando o excesso, a euforia e a alegria permitidos e desculpados nesta altura do ano, afinal no “Carnaval ninguém leva a mal”. Depois do período frio e recolhido de inverno, os Caretos celebram também a fertilidade e a aproximação do período primaveril.
Nas invasões de caretos no Domingo Gordo e Dia de Carnaval, perturbadoras da tranquilidade das ruas da aldeia de Podence, as figuras endiabradas e anónimas são seguidos por aspirantes mais novos, os “facanitos”, que imitam os caretos mais velhos, aprendendo a tradição e assegurando a sua continuidade.
Em 1985, os Caretos de Podence constituíram uma associação cultural, com o objetivo principal de preservar a tradição. Como símbolo da cultura do nordeste transmontano, estes mascarados têm sido convidados a participar em vários acontecimentos. A história do grupo e desta tradição pode ser melhor conhecida no espaço museológico “Casa do Careto”, em Podence.
“Para os Caretos o Carnaval é um ritual entre o pagão e o religioso, tão natural como a passagem do tempo e a renovação das estações.”
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