Catarina Martins defendeu que a parceria público-privada do Sistema Integrado de Redes de Segurança de Portugal foi feita à medida dos privados e põe em causa a segurança das populações. Bloco quer carreiras e salários dignos para Sapadores Florestais e Vigilantes da Natureza. Por Esquerda.net
Catarina Martins participou este sábado num plenário de Trabalhadores da Conservação da Natureza e das Florestas, promovido pelo Sindicato Nacional da Proteção Civil.
Questionada sobre a situação do Sistema Integrado de Redes de Segurança de Portugal (SIRESP), a coordenadora do Bloco afirmou estar muito preocupada com esta questão e preocupada “que seja sempre em cima do momento que se discutem estas questões”.
“Perto de uma época mais perigosa de incêndios começamos a perceber que, mais uma vez, há problemas com o SIRESP”, lamentou.
Catarina Martins lembrou que, em 2018, o Bloco propôs a nacionalização do SIRESP, defendendo que não faz qualquer sentido que exista uma parceria público-privada (PPP) e que “uma empresa privada detenha a infraestrutura que é fundamental às comunicações e à segurança do país”.
À época, “o governo reconheceu todos os problemas”, mas decidiu criar um grupo de trabalho. Três anos depois, a “Altice diz que não faz nada depois de 30 de junho e o governo, aparentemente, não tem nenhum projeto para o SIRESP”, apontou a dirigente do Bloco.
Catarina Martins realçou que “adiar decisões fundamentais é um erro” e que “está em causa a segurança do país”.
De acordo com a coordenadora bloquista, este foi um “negócio péssimo feito à medida de interesses privados para garantir a sua rentabilidade à conta do dinheiro público da segurança das populações”.
Carreiras e salários dignos para Sapadores Florestais e Vigilantes da Natureza
A dirigente do Bloco quer ver asseguradas carreiras e salários dignos para Sapadores Florestais e Vigilantes da Natureza.
Catarina Martins referiu que “virá aí o verão e, com ele, os perigos que conhecemos de incêndios florestais. E os incêndios previnem-se sobretudo antes do verão”.
Sublinhando que “esse trabalho é importantíssimo”, Catarina Martins apontou que o mesmo é assegurado por “cerca de 2500 sapadores florestais em todo o país, que não têm carreira, que ganham o salário mínimo nacional, que veem os seus direitos laborais atropelados todos os dias e que não se veem reconhecidos pelo país. São os profissionais de quem depende, em boa medida, a segurança do nosso território”.
“O Bloco de Esquerda tem feito muito trabalho sobre o investimento na floresta, sobre a necessidade de termos uma floresta mais diversificada, mais resistente e apta até para responder às alterações climáticas. Mas esse trabalho precisa, seguramente, de quem cá está todos os dias, precisa dos Vigilantes da Natureza, precisa dos Sapadores Florestais”, frisou Catarina.
A coordenadora do Bloco defendeu que “é necessário que esta gente tão dedicada tenha acesso à formação necessária, tenha condições de trabalho e tenha condições salariais e de carreira dignas”.
Alexandre Carvalho, dirigente nacional Sindicato Nacional da Proteção Civil e sapador florestal, explicou que estamos perante “um grito de revolta” dos sapadores florestais do Corpo Nacional de Sapadores Florestais e dos Vigilantes da Natureza e salientou a necessidade de “olhar para estes homens e estas mulheres” e os dotem de carreiras, estatutos, salários dignos. É preciso ainda “acabar de uma vez por todas com os atropelos à lei laboral”.
Alexandre Carvalho espera que o secretário de Estado João Catarino “cumpra a sua palavra e dote estes homens e mulheres de carreiras e de estatutos profissionais adequados às suas funções”.
O dirigente sindical e sapador florestal apelou ainda à união de todos os partidos “em torno das reivindicações destes trabalhadores”.
Publicado por Esquerda.net a 17 de abril de 2021