O Sindicato de Motoristas de Matérias Perigosas desconvocou ao fim da tarde deste domingo a greve que durava há uma semana. Volta à mesa de negociações na próxima terça-feira, mas ressalva que se a ANTRAM mantiver uma “postura intransigente”, pode haver greve às horas extraordinárias.
O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) suspendeu ao final da tarde deste domingo a greve que durava desde o início da semana e vai regressar à mesa de negociações a partir de terça-feira. Mas ressalva que está pronto a voltar a novas ações de luta caso a “postura intransigente” da ANTRAM se mantenha.
Após cerca de três horas de plenário em Aveiras de Cima, o presidente do SNMMP, Francisco São Bento, anunciou à comunicação social pelas 19h40 a decisão emanada da reunião: o sindicato considera que estão reunidas condições para haver reunião com o governo e a ANTRAM, pelo que decidiu desconvocar a greve.
Os motoristas deixaram no entanto uma série de considerandos e ressalvas no comunicado que resultou da reunião, que Francisco São Bento leu na íntegra aos jornalistas. Entre eles, críticas fortes à postura intransigente da ANTRAM, que parece “desejar que a greve se mantenha por tempo indeterminado, obrigando-nos a questionar qual o intuito”. Críticas também ao governo, que “restringiu e tentou eliminar o direito à greve dos motoristas, e por conseguinte dos portugueses”, através de serviços mínimos “com o único objetivo de proteger as empresas associadas à ANTRAM”, e usou “militares, a PSP e a GNR em proveito próprio das empresas”. Ainda assim, o SNMMP mencionou positivamente o “recuo da posição inicial de governo” há dois dias atrás, quando “demonstrou um verdadeiro esforço negocial e disponibilidade para mediar um acordo que satisfizesse os motoristas”.
O SNMMP sublinhou que “os motoristas não irão abdicar daquilo que é seu por direito”, e caso a ANTRAM mantenha a postura “intransigente” na reunião da próxima terça-feira, 20 de agosto, a direção do sindicato ficou mandatada para “continuar a desencadear diligências para a defesa dos motoristas”, incluindo “greves às horas extraordinárias, fins de semana e feriados, para que os interesses dos motoristas sejam efetivamente assegurados”.
Questionado sobre se a decisão era um passo atrás nas posições do sindicato, o presidente do SNMMP considerou que era “um passo necessário para se continuar a avançar, portanto consideramos que continua a ser um passo em frente”. De resto, tudo ficou remetido para a reunião com a associação patronal na próxima terça-feira.
Artigo publicado em Esquerda.Net